Novas fotos de Epstein: Câmara dos EUA divulga 68 imagens com Gates e Chomsky
Câmara dos EUA divulga 68 novas fotos do espólio de Epstein

O Comitê de Supervisão da Câmara dos Estados Unidos, sob controle democrata, tornou públicas nesta sexta-feira, 18 de dezembro de 2025, 68 novas fotografias provenientes do espólio de Jeffrey Epstein. O bilionário, acusado de tráfico sexual de adolescentes, foi encontrado morto em sua cela em 2019, em um caso classificado como suicídio.

Imagens perturbadoras e falta de contexto

As imagens foram divulgadas sem qualquer explicação ou contexto adicional. Entre os itens mais chocantes, está uma foto de um pé feminino com trechos do livro Lolita, de Vladimir Nabokov, escritos em caneta. O romance, que narra a obsessão de um homem por uma menina de 12 anos, aparece ao fundo da imagem.

O trecho visível no pé diz: “Ela era Lo, simplesmente Lo, pela manhã, com um metro e quarenta e sete de altura e usando apenas uma meia”. Outras fotos mostram corpos de mulheres com partes da obra escritas nas costas e no pescoço, com frases como “Ela era Dolores na linha pontilhada” e “Ela era Polly na escola”.

Também foi incluída uma captura de tela de uma conversa no WhatsApp que discute o envio de garotas. Na mensagem, uma pessoa menciona uma amiga que cobra US$ 1.000 por garota e pergunta se alguma “sirva para o J?”, em uma possível referência a Epstein. São fornecidos detalhes como nome (oculto), altura, medidas, peso, e informa-se que a jovem tem 18 anos e parte da Rússia.

Elites retratadas nos arquivos

O lote de imagens continua a revelar o vasto círculo de contatos de Epstein, que incluía figuras poderosas. Entre as novas fotos, estão registros do filósofo Noam Chomsky em um avião com Epstein e do cofundador da Microsoft, Bill Gates, acompanhado de uma mulher não identificada.

Este é mais um conjunto de documentos liberados após a sanção da Lei de Transparência dos Arquivos Epstein. Na semana passada, fotos já haviam mostrado, além de Gates, o ex-presidente Donald Trump ao lado de seis mulheres, o ex-estrategista Steve Bannon, o ex-presidente Bill Clinton, o ex-presidente de Harvard Larry Summers e o cineasta Woody Allen.

Em comunicado, o deputado democrata Robert Garcia afirmou: “Os democratas da Comissão de Supervisão continuarão a divulgar fotografias e documentos do acervo de Epstein para garantir transparência ao povo americano”. Ele questionou o que o Departamento de Justiça ainda mantém em segredo e pediu o fim do que chamou de “acobertamento”.

Repercussão e pressão política

A divulgação ocorre em um contexto de intensa pressão política. Como promessa de campanha, Donald Trump afirmou que liberaria todos os documentos relacionados ao caso se retornasse à Casa Branca. No entanto, a publicação de arquivos em janeiro gerou insatisfação, pois as informações já eram conhecidas.

Trump chegou a ser alvo de teorias da conspiração dentro de sua base, que sugeriam que ele estaria em uma lista secreta de beneficiários do esquema de Epstein. Em setembro, democratas divulgaram uma suposta carta de aniversário de Trump para Epstein de 2003, contendo um desenho de uma mulher nua e uma mensagem. A Casa Branca negou a autenticidade da assinatura.

As relações entre Trump e Epstein eram públicas. Em 2002, Trump disse à revista New York que o financista era “fantástico” e “muito divertido de se estar por perto”, acrescentando que ambos gostavam de “mulheres bonitas” e “muitas delas são do tipo mais jovem”.

Enquanto isso, outras figuras públicas se distanciaram. Um porta-voz de Bill Clinton afirmou que o ex-presidente cortou laços com Epstein em 2019 e não tinha conhecimento dos crimes. Bill Gates, por sua vez, expressou arrependimento em uma entrevista à CNN em 2021, chamando de “um grande erro” ter passado tempo com ele e dado-lhe credibilidade.

O caso Epstein continua a desvendar as conexões entre o mundo financeiro de alto nível, a política e o entretenimento, mantendo a demanda por transparência total e justiça no centro do debate público americano.