Um casal demonstrou coragem extrema e pagou com a própria vida ao tentar deter um dos atiradores durante o ataque terrorista na movimentada praia de Bondi, em Sydney, na Austrália. O episódio, ocorrido no domingo, deixou um saldo de 15 mortos e dezenas de feridos, chocando o país e o mundo.
O Ato Heroico Filmado
Boris Gurman, de 69 anos, e sua esposa Sofia, de 61, estão sendo tratados como heróis na Austrália após sua ação altruísta. Segundo a família, que confirmou as mortes em comunicado na terça-feira (16), o casal tentou intervir para proteger outras pessoas no momento inicial do ataque.
A corajosa tentativa foi registrada por uma câmera de para-brisa de uma moradora de Sydney. O vídeo, posteriormente postado em uma rede social chinesa, mostra Boris, vestindo uma camisa roxa, derrubando o atirador quando ele saía do carro. Infelizmente, ele não conseguiu tomar a arma do homem, sendo baleado em seguida junto com sua esposa. Eles foram as duas primeiras vítimas fatais do massacre.
"Heróis civis assim não devem ser esquecidos", escreveu a autora da filmagem na publicação que viralizou.
Detalhes do Ataque e a Investigação
O atentado aconteceu durante uma celebração do primeiro dia do Hanukkah, o festival judaico das luzes, em um dos pontos mais turísticos de Sydney. Dois homens, pai e filho de 50 e 24 anos, estacionaram o carro e abriram fogo contra os presentes. O pai, que tinha licença para armas, morreu em confronto com a polícia. O filho foi detido com ferimentos graves e já acordou de um coma.
A polícia australiana afirmou que os autores tinham ideologia extremista e se inspiraram no Estado Islâmico (EI), tendo bandeiras do grupo feitas à mão dentro do veículo. No entanto, o governo acredita que os atiradores agiram por conta própria. O comissário da polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, classificou o evento como um "incidente terrorista".
O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, foi enfático: "o ataque foi planejado para atingir a comunidade judaica de Sydney, no primeiro dia do Hanukkah". Entre os mortos está o rabino Eli Schlanger, de 41 anos, e uma menina de 10 anos, a vítima mais jovem. A mais idosa tinha 87 anos. Um israelense também faleceu.
Outros Heróis e as Consequências
Após a ação do casal, outro homem se destacou por sua bravura. Ahmed al Ahmed, um vendedor de frutas de 43 anos, conseguiu desarmar o atirador, impedindo que mais pessoas fossem alvejadas. Ele foi atingido por dois disparos, um no braço e outro na mão, mas se recupera bem no hospital e já recebeu a visita de autoridades, sendo reconhecido como um "herói genuíno".
O ataque mobilizou o mundo. Autoridades das Filipinas e da Índia anunciaram cooperação com a investigação australiana. No Reino Unido, a polícia reforçou a segurança em comunidades judaicas. O Itamaraty informou que, até o momento, não há brasileiros entre as vítimas.
O diretor-geral da inteligência australiana (ASIO), Mike Burgess, afirmou que o nível de ameaça terrorista no país permanece como "provável". Um total de 40 pessoas foram atendidas em hospitais, sendo que 22 permanecem internadas – nove em estado crítico. A tragédia reacendeu o debate sobre segurança e violência na Austrália, onde mortes em ataques a tiros em massa são extremamente raras desde as rigorosas leis de controle de armas implementadas após o massacre de Port Arthur, em 1996.