As forças dos Estados Unidos realizaram um novo ataque letal no Oceano Pacífico, resultando na morte de duas pessoas a bordo de uma embarcação suspeita de tráfico de drogas. A ação, anunciada na segunda-feira (29 de dezembro de 2025), faz parte de uma campanha militar intensificada que já contabiliza 30 operações navais desde setembro, com um saldo de pelo menos 107 mortos.
Detalhes da operação e a ordem direta de Hegseth
De acordo com comunicado do Departamento de Defesa dos EUA, o "ataque cinético letal" ocorreu em águas internacionais do Pacífico oriental. O Pentágono afirmou que a operação foi conduzida sob ordem direta do secretário de Defesa, Pete Hegseth.
O Comando Sul americano justificou a ação alegando que inteligência indicava que o barco seguia rotas conhecidas do tráfico na região. Nenhum militar dos EUA foi ferido durante o confronto. Seguindo uma prática recorrente desde o início da ofensiva, o Pentágono divulgou imagens do ataque em suas redes sociais.
Contexto da escalada militar e a retórica de Trump
A estratégia de interdição marítima agressiva tem respaldo político do presidente Donald Trump. Ele frequentemente defende as operações com a argumentação, contestada por especialistas, de que cada carregamento interceptado evitaria a morte de até 25 mil americanos por overdose.
No fim de semana anterior ao ataque, Trump afirmou em um programa de rádio em Nova York que os EUA teriam atingido uma "grande instalação" na Venezuela, supostamente ligada ao tráfico. Questionado por jornalistas na segunda-feira, o presidente reiterou a declaração, mencionando uma "grande explosão" na área portuária. Entretanto, nem a Casa Branca nem o Pentágono apresentaram detalhes ou confirmaram oficialmente essa operação específica.
A retórica do presidente, somada à ausência de informações verificáveis, tem alimentado questionamentos no Congresso americano e entre organizações de direitos humanos.
Críticas internacionais e tensões diplomáticas
Analistas de direito internacional reconhecem que ações de interdição em alto-mar contra o tráfico são permitidas, mas exigem critérios rigorosos de proporcionalidade e transparência. Esses pontos vêm sendo cobrados por entidades como a Human Rights Watch e por especialistas em segurança regional.
A escalada militar ocorre em meio a tensões diplomáticas com países da América Latina. Governos da região manifestaram preocupação com operações unilaterais em águas internacionais próximas às suas zonas econômicas exclusivas. Washington, por sua vez, sustenta que atua com base em inteligência e cooperação internacional.
Pete Hegseth, figura central na atual política de segurança, defende a linha dura como parte de uma estratégia mais ampla de "disrupção total" das cadeias do narcotráfico. Críticos, no entanto, alertam para o risco de normalização do uso letal da força sem mecanismos claros de responsabilização.
A Casa Branca não informou se novas ações estão previstas nem se haverá divulgação de relatórios detalhados sobre os ataques já realizados, mantendo um véu de incerteza sobre os próximos passos desta ofensiva.