Operação Poço de Lobato: Refit usou 50 fundos para lavar R$ 70 bi
Megaoperação mira grupo que sonegou bilhões em impostos

Esquema bilionário de sonegação é desmontado em megaoperação

A Receita Federal deflagrou nesta quinta-feira (27) a Operação Poço de Lobato, uma megaoperação que mira o Grupo Refit por suspeita de estruturação de sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no mercado de combustíveis.

De acordo com as investigações, o grupo empresarial criou uma rede com aproximadamente 50 fundos de investimento para esconder bilhões de reais provenientes de fraudes fiscais. Muitos desses fundos estavam registrados no exterior, incluindo no estado norte-americano de Delaware.

Estrutura complexa para ocultação de patrimônio

Os investigadores descobriram que o grupo utilizava os fundos para blindar patrimônio, disfarçar lucros ilícitos e dificultar o rastreamento das movimentações financeiras. Inicialmente, foram identificados 17 fundos ligados ao grupo, com patrimônio líquido de R$ 8 bilhões, mas análises mais aprofundadas revelaram que o número real chegava a cerca de 50 fundos.

"Em sua maioria, eram fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo, criando camadas de ocultação", informou a Receita Federal em nota oficial.

O esquema contava com a colaboração de administradoras financeiras que omitiam informações aos órgãos de controle. O dinheiro sonegado era reinvestido em negócios, imóveis e na própria cadeia do setor de combustíveis, o que dificultava a identificação dos beneficiários finais.

Grupo é maior devedor de ICMS do país

Comandado pelo empresário Ricardo Magro, o Grupo Refit é considerado o maior devedor de ICMS de São Paulo, o segundo maior do Rio de Janeiro e um dos maiores da União. As investigações apontam que o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano através de empresas próprias, importadoras, formuladoras, distribuidoras, postos de gasolina e empresas offshores.

As fraudes começavam quando as importadoras do grupo adquiriam gasolina declarando o produto como outros derivados de petróleo com impostos mais baixos. Entre 2020 e 2025, os investigados importaram mais de R$ 32 bilhões em combustíveis utilizando essa prática irregular.

As buscas e apreensões desta quinta-feira ocorreram no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. A operação conta com a participação do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira-SP), Ministério Público de São Paulo, Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de SP, e diversas outras instituições.

Até o momento, a defesa do Grupo Refit não se manifestou sobre as acusações. Em setembro, a empresa havia emitido um posicionamento afirmando que "jamais atuou como empresa de fachada" e destacando seu compromisso com a qualidade dos combustíveis.