Operação aprende R$ 2 milhões e esmeraldas em investigação contra Refit
Megaoperação contra sonegação fiscal mira Grupo Refit

Megaoperação desmantela esquema bilionário de sonegação fiscal

Uma força-tarefa composta por promotores de justiça, auditores fiscais e policiais realizou nesta quinta-feira (27) a Operação Poço de Lobato, mirando um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro supostamente orchestrado pelo Grupo Refit.

Durante as ações, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra 190 pessoas e empresas suspeitas de envolvimento no esquema. As buscas aconteceram simultaneamente no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.

Valores apreendidos revelam magnitude do esquema

Em dois endereços da capital paulista, os agentes apreenderam mais de R$ 2 milhões em espécie. Além do dinheiro, a operação resultou na apreensão de oito sacos plásticos com esmeraldas em uma empresa localizada em Campinas, no interior de São Paulo.

Cada pacote de esmeraldas foi avaliado em aproximadamente R$ 11 mil. Os investigadores também encontraram um laudo confirmando que se tratava de esmeraldas brutas, aumentando as suspeitas sobre os métodos utilizados para ocultar recursos.

Esquema bilionário com operação nacional

De acordo com a Receita Federal, o Grupo Refit movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano. A antiga refinaria de Manguinhos, localizada no Rio de Janeiro, utilizava uma complexa rede de empresas próprias, fundos de investimentos e empresas offshores em paraísos fiscais para ocultar lucros e blindá-los da fiscalização.

A investigação descobriu que a Refit sonegava impostos em toda a cadeia produtiva, desde o momento em que importava combustíveis via portos até a venda do produto em postos de gasolina. Com sede no Rio de Janeiro, a Refit possui atuação nacional no mercado de combustíveis.

Estrutura complexa para fraudes fiscais

Segundo os promotores, a fraude fiscal funcionava com a refinaria no centro do esquema, rodeada por uma rede de colaboradores dividida entre diferentes núcleos: internacional (com empresas no exterior), de tecnologia e jurídico, além de fintechs e bancos, distribuidoras e postos de gasolina.

O objetivo principal, de acordo com investigadores, era beneficiar um núcleo familiar. O grupo é comandado pelo empresário Ricardo Magro e é considerado o maior devedor de ICMS do estado de São Paulo, o segundo maior do Rio e um dos maiores da União.

As fraudes da Refit começavam quando as importadoras adquiriam gasolina declarando-a como outros derivados do petróleo com impostos mais baixos. Entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis pelos investigados.

Tentativas de ocultação e blindagem patrimonial

O dinheiro obtido com a sonegação era investido em negócios, propriedades e fundos de investimento que davam aparência de legalidade e dificultavam o rastreamento pelos órgãos de controle. A Refit criou cerca de 50 fundos, muitos em paraísos fiscais, incluindo no estado americano de Delaware.

A Receita Federal identificou inicialmente 17 fundos ligados ao grupo, que somam patrimônio líquido de R$ 8 bilhões, mas depois constatou que eram aproximadamente 50 fundos. Em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo, criando camadas de ocultação.

A operação foi deflagrada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira-SP) e conta com a participação de múltiplas instituições, incluindo Receita Federal, Ministério Público de São Paulo e polícias Civil e Militar.

Até a última atualização desta reportagem, a defesa do grupo não havia se manifestado sobre as acusações.