Marcos Valério, do Mensalão, é alvo da PF em operação de sonegação de R$ 215 mi
Marcos Valério é alvo da PF em operação contra sonegação

O empresário e publicitário Marcos Valério, figura central no escândalo do Mensalão, voltou a ser alvo das forças de segurança nesta terça-feira (2). A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagraram uma operação para desarticular um complexo esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro que teria causado um prejuízo de mais de R$ 215 milhões aos cofres públicos estaduais.

O esquema de sonegação em atacadistas

A Operação Ambiente 186 investiga um grupo suspeito de fraudar o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo as investigações, o modus operandi envolvia a criação de empresas de fachada e a emissão de notas fiscais falsas para simular operações interestaduais. A manobra ilegal tinha como objetivo reduzir artificialmente os preços das mercadorias e, consequentemente, aumentar os lucros de forma ilícita.

O esquema contaria com a participação de donos de redes de supermercados e atacadistas de Minas Gerais. Entre os investigados está Marcos Valério, que teria atuado como um dos operadores financeiros da fraude. O objetivo da ação policial é desmantelar a estrutura criminosa e tentar recuperar parte do valor sonegado.

O histórico de condenações de Valério

Marcos Valério não é um nome novo no noticiário policial e judicial. Nascido em Curvelo, na região Central de Minas Gerais, ele ficou nacionalmente conhecido por ser o operador financeiro do Mensalão, escândalo de corrupção que abalou o governo federal na década de 2000. Por meio de suas agências de publicidade DNA e SMP&B, ele movimentava recursos para esquemas de financiamento político ilegal.

Em dezembro de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou a uma pena total que ultrapassava 40 anos de prisão por crimes como corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além da prisão, ele recebeu uma multa de aproximadamente R$ 3 milhões.

Anos depois, em 2017, Valério também foi condenado no chamado "Mensalão tucano", referente a irregularidades na campanha eleitoral de 1998, recebendo uma sentença de 16 anos e 9 meses por peculato e lavagem de dinheiro. Após cumprir parte da pena em regime fechado, ele obteve progressão para o regime semiaberto e, posteriormente, para o aberto, cumprindo atualmente prisão domiciliar com base em decisões judiciais que consideraram seu bom comportamento.

Andamento da nova investigação

A operação desta terça-feira ainda está em andamento. Até o momento, não há informações sobre prisões em flagrante. As equipes de investigação concentram esforços na análise de patrimônio e na auditoria de documentos contábeis dos investigados para comprovar as irregularidades e o montante exato do prejuízo fiscal.

A situação mostra a reincidência de Marcos Valério em esquemas financeiros de grande porte, agora sob a mira de uma investigação que mira o crime de sonegação fiscal em larga escala. O caso reforça a atuação dos órgãos de controle em Minas Gerais contra fraudes que lesionam o erário público e distorcem a concorrência no mercado.