Empresário de Ribeirão Preto preso por desviar R$ 11 milhões de investidores
Preso empresário que desviou R$ 11 milhões em Ribeirão Preto

A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira (4), o empresário e assessor de investimentos Frederico Goz Biagi, suspeito de desviar ao menos R$ 11 milhões aplicados por clientes. A operação, batizada de Stop Loss, cumpriu mandados em Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Biagi foi detido em Poços de Caldas (MG) e encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto.

O esquema fraudulento e as vítimas

De acordo com as investigações, Biagi atuava sozinho inicialmente, mas, com o aumento do volume de recursos, constituiu uma empresa de investimentos em maio de 2023. Apenas um mês depois, em junho, ele já desviava todo o dinheiro que entrava na conta da empresa para uma conta pessoal em outro banco.

"Ele constitui a empresa no mês de maio de 2023, já no mês de junho, um mês depois, todo dinheiro que entrava para a empresa, que iria para a conta de investimento da corretora, ele desviava", explicou o delegado Marcellus Henrique de Araújo, detalhando a mecânica do crime.

Entre as vítimas estão advogados, médicos e aposentados, principalmente da região de Ribeirão Preto. Um empresário, que preferiu não ter a identidade revelada, afirmou à EPTV que percebeu os desvios após seis meses de sociedade. "Ele tirou a vida financeira de algumas pessoas. É dinheiro da vida inteira que foi guardado", desabafou a vítima.

Métodos para manter o golpe

Para enganar os clientes, Biagi fraudava documentos e insería informações falsas no sistema, fazendo-os acreditar que seus investimentos estavam rendendo. O esquema era tão elaborado que as vítimas declaravam o Imposto de Renda e pagavam tributos sobre lucros que nunca existiram.

"A vítima, além de não ter o dinheiro, ainda pagava um tributo em cima de um rendimento que ela não teve", destacou o delegado Araújo, caracterizando um prejuízo duplo para os investidores.

Inicialmente, o assessor prometia rendimentos exorbitantes, mas depois passou a oferecer ganhos de cerca de 2% ao mês, uma taxa considerada dentro do padrão de mercado. A estratégia, segundo a PF, visava dar a ele margem para pagar eventuais resgates solicitados por clientes e, assim, perpetuar o esquema por mais tempo.

Crimes e possível pena

Frederico Goz Biagi deve responder por, no mínimo, seis crimes contra o Sistema Financeiro Nacional: gestão fraudulenta, apropriação de recursos de investidor, manutenção de investidor em erro, fraude à fiscalização, inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis e contabilidade paralela.

As penas somadas podem variar de 10 a 37 anos de reclusão. A defesa do empresário, procurada pela reportagem, informou que não comentaria as acusações.

As investigações também apontam que Biagi selecionava suas vítimas com base no poder econômico e chegou a se relacionar afetivamente com mulheres para conquistar sua confiança. O ex-sócio acredita que a lista de lesados é extensa e questiona o paradeiro do dinheiro, que pode ter sido convertido em criptomoedas ou enviado para fora do país.

A operação da Polícia Federal põe fim a uma série de crimes financeiros que causaram grandes prejuízos a dezenas de famílias na região, servindo como um alerta para a necessidade de cautela na escolha de assessores de investimento.