A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (18) uma operação de grande impacto no sistema financeiro brasileiro, resultando na prisão do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros quatro diretores da instituição. As investigações apontam para um esquema bilionário de venda de títulos de crédito falsos que envolve valores astronômicos.
Mudança no discurso político sobre aquisição
Ao longo de 2025, as declarações do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e da vice-governadora Celina Leão (PP) sobre a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) sofreram alterações significativas conforme as negociações avançavam ou enfrentavam obstáculos. O governo do DF sempre defendeu publicamente a transação, mas o nível de entusiasmo ou cautela variou de forma perceptível em diferentes momentos.
Em março, quando a negociação se tornou pública, Ibaneis adotou um tom claramente entusiástico, classificando o momento como "um dia de festa". O governador afirmou na época que a operação teria "um significado muito grande para a população do Distrito Federal", argumentando que os acionistas majoritários do banco público receberiam mais dividendos para investir em obras necessárias.
Operação policial e afastamentos
A operação da Polícia Federal desta terça-feira mirou especificamente o esquema de venda de títulos de crédito falsos. Além das cinco prisões efetuadas, incluindo a de Daniel Vorcaro, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo como consequência direta das investigações.
O caso ganhou contornos ainda mais complexos quando, em setembro, o Banco Central vetou a aquisição do Banco Master pelo BRB. Esse veto marcou uma mudança significativa no discurso do governo distrital, que passou a adotar postura mais cautelosa sobre todo o processo.
Evolução das posições governamentais
No início de abril, o foco do governador Ibaneis Rocha já havia migrado para a segurança da operação. Em entrevista concedida em Dubai no dia 14, ele revelou ter orientado a presidência do BRB a aprofundar a auditoria e excluir créditos de maior risco. Na ocasião, o governador afirmou que a operação teria pouco risco para o BRB após essas adequações.
Por outro lado, a vice-governadora Celina Leão manifestou-se pela primeira vez sobre o caso em abril, declarando que não havia sido comunicada sobre a negociação. "Não tenho conhecimento sobre a operação. Não fui consultada, fiquei sabendo pela imprensa", afirmou na época.
Com o veto do Banco Central em setembro, Ibaneis adotou tom mais contido, afirmando que, se inviável, a negociação deveria ser interrompida. Ele chegou a argumentar que a compra negada pelo BC poderia colocar em risco todo o sistema financeiro nacional pela possibilidade de descapitalização do Master.
Atual posicionamento do GDF
Em nota oficial, o Governo do Distrito Federal afirmou que o BRB mantém capacidade plena com total segurança administrativa e financeira. O comunicado garante que medidas internas adicionais serão adotadas para reforçar os mecanismos de governança, compliance e controle interno.
O governo também reforçou que todas as rotinas bancárias, sistemas internos, serviços aos clientes, contratos vigentes, operações de crédito e compromissos institucionais seguem em funcionamento regular, sem "qualquer impacto estrutural na liquidez, na solvência ou na continuidade operacional da instituição".
Celina Leão voltou a comentar o caso nesta terça-feira (18), ao ser questionada sobre a gestão do BRB após o afastamento do presidente Paulo Henrique Costa. "Nós não temos compromisso com erro. Então o próprio governador Ibaneis fez hoje a troca, já indicou um outro nome e aquilo que tiver que ser apurado, será apurado", declarou a vice-governadora.