Banqueiro Daniel Vorcaro preso em operação da PF que investiga fraude de R$ 12 bi
PF prende banqueiro Daniel Vorcaro por fraude de R$ 12 bi

O banqueiro Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, permanece preso pela Polícia Federal enquanto sua defesa busca sua liberdade através de um habeas corpus. A prisão ocorreu durante a Operação Compliance Zero, que investiga um esquema de fraude que pode ter movimentado impressionantes R$ 12 bilhões.

Detalhes da operação e prisão

Nesta quarta-feira (19), os advogados de Daniel Vorcaro apresentaram um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília. A relatora designada para analisar o caso é a juíza Solange Salgado da Silva.

Vorcaro e outros seis executivos do Banco Master foram detidos pela Polícia Federal. Eles são acusados de praticar fraudes em papéis vendidos ao BRB, banco de Brasília. A instituição financeira também é investigada pela venda de títulos de crédito falsos.

O esquema envolvia a emissão de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com promessas de retorno irrealistas - até 40% acima da taxa básica de juros do mercado. Os investidores eram atraídos por essas condições vantajosas que, segundo a PF, não correspondiam à realidade financeira.

Contexto da prisão e liquidação do banco

A prisão de Daniel Vorcaro aconteceu em um momento crucial para o Banco Master. Horas antes de ser detido, um consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira havia anunciado a compra da instituição.

Esta não foi a primeira tentativa de aquisição do banco. Anteriormente, o Banco de Brasília (BRB) havia tentado comprar a instituição, mas o negócio foi rejeitado pelo Banco Central em setembro. A diretoria colegiada do BC negou a operação por entender que não atendia a todos os requisitos necessários, especialmente quanto à comprovação da viabilidade econômico-financeira.

Na terça-feira, o Banco Central emitiu um comunicado decretando a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores da instituição. Com essa medida, a negociação de venda para a Fictor Holding foi automaticamente interrompida.

Argumentos da defesa por liberdade

No pedido de soltura, a defesa de Vorcaro apresentou diversos argumentos para justificar a liberdade do banqueiro. Os advogados alegam que não há mais necessidade de manter Vorcaro preso, uma vez que o Banco Master foi liquidado pelo Banco Central.

A defesa anexou ao pedido comprovantes de que Vorcaro tinha uma reunião marcada em Dubai com investidores interessados em comprar a instituição. Eles também destacaram que o banqueiro está proibido pela Justiça Federal de gerir qualquer fundo ou instituição financeira.

Outros pontos levantados pela defesa incluem:

  • As buscas e apreensões relacionadas a Vorcaro já foram concluídas
  • O banqueiro tem esposa e filho no Brasil, o que reduziria o risco de fuga
  • Vorcaro havia apresentado sua rota de voo de Guarulhos para Dubai quando foi detido

Entretanto, a Justiça Federal de Brasília determinou nesta quarta-feira que todos os presos da operação devem permanecer detidos na carceragem da Superintendência da PF no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo. O local abriga pelo menos sete executivos ligados ao Banco Master, incluindo Vorcaro.

O juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Criminal de Brasília, decidiu que os presos não podem ser transferidos para o sistema prisional estadual, como normalmente ocorre após operações federais.

O caso continua sob investigação e deve ter novos desdobramentos nos próximos dias, especialmente com a análise do habeas corpus pela relatora do TRF-1.