Empresário do setor esportivo enfrenta acusações criminais
Fernando Sampaio de Souza e Silva, proprietário da empresa Outsider Sports, foi formalmente indiciado em pelo menos dois inquéritos por estelionato no ano de 2025. As investigações se espalham pelas polícias do Rio de Janeiro e São Paulo, revelando um padrão de queixas que se estende por todo o território nacional.
O empresário e suas empresas são alvos de mais de 600 processos e registros de ocorrência em diversas unidades federativas. A situação jurídica se complica a cada novo depoimento de vítimas que alegam prejuízos financeiros significativos.
Histórico de problemas com torcedores
Em meio a esse cenário de disputas judiciais, a Outsider Sports continua comercializando pacotes turísticos para eventos esportivos de grande porte. Atualmente, a empresa oferece viagens para a final da Libertadores, que ocorrerá no dia 29 deste mês em Lima, no Peru, onde Flamengo e Palmeiras decidirão o título em jogo único.
Não é a primeira vez que a empresa se envolve em controvérsias relacionadas a finais de competições futebolísticas. Em 2022, centenas de torcedores do Flamengo não conseguiram embarcar para Guayaquil, no Equador, onde seria disputada a final da mesma competição. Muitos processaram a empresa e obtiveram vitórias judiciais, mas até o momento não receberam os valores determinados pelas sentenças.
Vinicius Leon Cavalcante, de 44 anos, foi uma das vítimas do episódio no Equador. Ele expressa sua frustração: "O que a gente fica mais triste é que a empresa continua operando, e que continuam os problemas: Champions League, a própria Libertadores. A gente percebe que a empresa continua lesando as pessoas".
Investigações se intensificam em 2025
Recentemente, torcedores do Palmeiras relataram dificuldades com ingressos para o Mundial de Clubes nos Estados Unidos, de acordo com informações da rádio CBN. Essas denúncias motivaram a abertura de nova investigação na Delegacia de Defraudações do Rio de Janeiro.
Outras investigações foram iniciadas este ano a pedido do Ministério Público, enquanto um inquérito por estelionato segue tramitando na Justiça de São Paulo. A situação demonstra a abrangência geográfica dos problemas associados à empresa.
Em agosto de 2025, Fernando Sampaio foi indiciado por estelionato pela 77ª DP de Niterói. Um dos casos incluídos nesse inquérito envolve um cliente que adquiriu pacote para a final da Champions League de 2024 em Londres. O consumidor pagou por ingressos, passagens aéreas, hospedagem e passeios, mas não recebeu os ingressos nem o transporte para o estádio de Wembley.
O delegado Neilson Nogueira, titular da 16ª DP da Barra da Tijuca, destacou a gravidade da situação: "A gente espera que a Justiça conceda o bloqueio de bens, e verificada essa reiteração criminosa, é possível se pensar até mesmo na decretação de prisão preventiva".
Defesa do empresário
Em entrevista aos veículos g1 e RJ2, Fernando Sampaio negou veementemente ser um golpista. Ele afirmou estar trabalhando para resolver todos os casos de produtos não entregues, reconhecendo que a empresa já pagou cerca de R$ 2 milhões em acordos nos últimos meses.
"É uma coisa que é impossível de ser resolvida de uma forma imediata. Mas o que a gente já pagou demonstra que a gente tem uma boa intenção, pelo menos, de resolver os casos", declarou o empresário.
Sampaio também contestou a imagem de enriquecimento ilícito: "Eu não tenho bens, e isso é um outro ponto que prova que eu não sou um golpista. Porque, normalmente, quando a pessoa dá um golpe ela fica milionária. Eu, na verdade, só empobreci desde o problema de 2022".
Apesar das alegações de boa-fé, a empresa continua enfrentando resistência no mercado. Um pacote completo para a final da Libertadores em Lima chega a custar R$ 39 mil via PIX, valor que preocupa consumidores diante do histórico de problemas não resolvidos.
Enquanto as investigações prosseguem, torcedores permanecem cautelosos ao contratar serviços da empresa, especialmente após experiências traumáticas como a do professor de educação física Ricardo de Araújo, de 39 anos, que investiu suas economias para assistir à final da Champions League em Wembley e não pôde entrar no estádio.