Dois presos em fraude do Banco Master são soltos em SP; 5 continuam detidos
Dois presos em fraude do Banco Master são soltos em SP

Dois dos sete presos na operação da Polícia Federal que investiga um esquema fraudulento no Banco Master foram soltos na noite de quinta-feira (20) em São Paulo. André Felipe de Oliveira Seixas Maia e Henrique Souza Silva Peretto deixaram a Superintendência da PF segurando travesseiros nas mãos e tentando cobrir os rostos.

Prisões temporárias e preventivas

Os pedidos de prisão de Maia e Peretto eram temporários, com validade de três dias, e não foram renovados pela Justiça. A informação foi confirmada pelas defesas dos dois investigados. André Maia é diretor de uma empresa suspeita de envolvimento no esquema, enquanto Henrique Peretto é sócio de empresa investigada por ligação com as fraudes.

Enquanto isso, os outros cinco presos na Operação Compliance Zero continuam detidos na Superintendência da PF em São Paulo. Eles são executivos do Banco Master e respondem a prisões preventivas, que não têm prazo determinado para terminar.

Quem continua preso

Os cinco executivos que permanecem detidos são:

  • Daniel Bueno Vorcaro - dono e presidente do Banco Master
  • Augusto Ferreira Lima - ex-CEO e sócio do Master
  • Luiz Antônio Bull - diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia
  • Alberto Felix de Oliveira Neto - superintendente executivo de Tesouraria
  • Ângelo Antônio Ribeiro da Silva - sócio do Master

Crise e liquidação do Banco Master

A crise do Banco Master eclodiu na terça-feira (18), quando o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição. A medida ocorre quando o BC encerra as atividades de um banco que não tem mais condições de operar. Um liquidante assume o controle, fecha as operações, vende os bens e paga os credores na ordem prevista em lei.

A EFB Regimes Especiais de Empresas foi nomeada pelo BC para conduzir a administração especial. Com essa decisão, qualquer negociação de compra do Banco Master foi automaticamente suspensa, incluindo o anúncio feito pela Fictor Holding Financeira na segunda-feira (17).

Captação arriscada e passivo bilionário

O Banco Master teve crescimento acelerado nos últimos anos através de uma estratégia considerada arriscada por analistas. A instituição oferecia CDBs com taxas muito acima do mercado, atraindo investidores com base na proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege até R$ 250 mil por investidor.

Com essa operação, o Master acumulou um passivo bilionário, sustentado por ativos de baixa liquidez como precatórios e participações em empresas com dificuldades financeiras.

Tentativa de fuga e investigações

Daniel Vorcaro, dono do banco, foi preso pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos na noite de segunda-feira (17). Segundo investigadores, ele tentava deixar o país em um avião particular com destino a Malta. A defesa nega a acusação de fuga e afirma que Vorcaro viajaria para Dubai para se encontrar com compradores do Banco Master.

Durante as buscas, a PF encontrou R$ 1,6 milhão na casa de Augusto Ferreira Lima, ex-CEO do banco que está entre os presos preventivos. O valor estava relacionado à investigação sobre venda de títulos de crédito falsos.

Impactos políticos e no BRB

A investigação também atingiu o Banco de Brasília (BRB), que tentou comprar o Master anteriormente. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor-executivo de finanças, Dario Oswaldo Garcia Junior, foram afastados dos cargos por 60 dias por decisão judicial.

Segundo a PF, o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025, sendo que pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações com fortes indícios de fraude.

Consequências para investidores

Com a liquidação do Banco Master, correntistas e investidores têm proteção do FGC até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. A cobertura inclui aplicações em CDB, RDB, LCI e LCA. Quem tinha valores superiores ao limite deve solicitar o restante no processo de liquidação conduzido pelo BC.

Investidores em produtos sem garantia do FGC, como debêntures, CRI, CRA e fundos de investimento, não terão direito à cobertura do fundo.

Risco para aposentados do Rio

O caso também preocupa servidores aposentados do Rio de Janeiro. O Rioprevidência, fundo que garante aposentadorias a 235 mil servidores, investiu cerca de R$ 960 milhões em operações do Banco Master. O Tribunal de Contas do Estado já havia alertado para graves irregularidades nessas aplicações.

A operação Compliance Zero continua em andamento, com a PF investigando um esquema que envolveu a emissão de R$ 50 bilhões em CDBs sem comprovação de liquidez e transações fraudulentas com créditos de empresas.