Operação da PF desmonta esquema bilionário do Banco Master
A prisão do banqueiro Daniel Vorcaro na noite de segunda-feira (17) revelou os detalhes de uma fraude estimada em R$ 12 bilhões que culminou com a liquidação do Banco Master pelo Banco Central. O proprietário da instituição financeira foi detido pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos momentos antes de embarcar para a ilha de Malta, na Europa.
De acordo com as investigações, Vorcaro tentava deixar o Brasil às vésperas do desfecho do caso. A Operação Compliance Zero, desencadeada pela PF, já resultou na prisão de outras seis pessoas além do banqueiro, todas suspeitas de participação no esquema de fraudes financeiras.
Cronologia de uma crise anunciada
O episódio que levou à queda do Banco Master começou a se desenhar há mais de um ano, conforme explicam os jornalistas especializados Estevão Taiar e Fernando Torres, do Valor Econômico, em entrevista ao podcast O Assunto. A crise se intensificou nas últimas semanas, quando o Banco Central rejeitou a proposta de aquisição do Master pelo BRB (Banco de Brasília).
Ironia do destino, Vorcaro foi preso poucas horas após o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master. A negociação, no entanto, já estava fadada ao fracasso diante das investigações em andamento.
Liquidação e proteção aos investidores
Nesta terça-feira (18), o Banco Central tomou a decisão extrema de determinar a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida que, na prática, retira a instituição do sistema financeiro brasileiro. A ação representa o capítulo final de uma trajetória marcada por irregularidades.
Segundo Fernando Torres, editor executivo do Valor Econômico, os clientes que tinham investimentos no banco contarão com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O mecanismo garantirá que parte dos investidores tenha seus recursos devolvidos, dentro dos limites estabelecidos pela legislação.
Estevão Taiar, coordenador de economia do mesmo jornal, detalha que Daniel Vorcaro, empresário de 42 anos, conduziu o Banco Master a um crescimento meteórico através da venda de títulos que prometiam rendimentos muito acima do mercado. A estratégia agressiva de captação agora se revela como o centro das investigações sobre o esquema fraudulento.
O caso do Banco Master se junta a outros episódios recentes que abalaram o sistema financeiro brasileiro, servindo como alerta para investidores e reguladores sobre os riscos de promessas de retornos extraordinários em aplicações financeiras.