Defesa de Vorcaro contesta fraude bilionária no Banco Master
Os advogados do banqueiro Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, emitiram uma nota à imprensa no sábado, 22 de novembro de 2025, negando categoricamente a existência da suposta fraude de R$ 12 bilhões que levou à prisão do empresário. A defesa classificou como "injustas" tanto a liquidação da instituição financeira quanto as demais medidas adotadas no caso.
Daniel Vorcaro permanece detido por decisão judicial enquanto as investigações continuam em andamento. O banqueiro foi preso pela Polícia Federal na noite de segunda-feira, 17 de novembro, no aeroporto de Guarulhos, quando tentava embarcar em um voo particular com destino a Abu Dhabi.
Operação e consequências
A movimentação policial ocorreu horas após o anúncio da venda do Banco Master. No dia seguinte, terça-feira, 18 de novembro, uma operação da PF apreendeu bens do empresário e a instituição bancária foi fechada para liquidação extrajudicial determinada pelo Banco Central.
Em documento de três páginas, a defesa de Vorcaro argumenta que as Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) haviam sido "efetivamente geradas" e que o Banco Master tinha condições de montar a carteira e ceder ao BRB. Os advogados destacam que existiam "garantias contratuais que protegiam ambas as partes" e permitiam a substituição ou recompra de eventuais carteiras não performadas.
Todas as carteiras cedidas foram devidamente registradas na B3, conforme afirma a nota da defesa. Nos casos de operações com documentação fora do padrão, o Banco Master teria agido de "boa-fé" ao proceder com a substituição das carteiras originadas por terceiros e iniciado processo de recompra do saldo remanescente.
Impactos no BRB e questionamentos
A operação policial da última terça-feira resultou também no afastamento do presidente do BRB por ordem judicial. A defesa de Vorcaro ressalta que "o BRB não ficou com os créditos originados por terceiros, mas com outras carteiras e ativos do conglomerado Master, que não são objeto da investigação".
Outro ponto crucial levantado pelos advogados é que as carteiras alvo da investigação criminal jamais foram transferidas definitivamente ao BRB. A defesa argumenta que, devido às ações tempestivas adotadas pelo próprio Banco Master, o BRB não detém essas carteiras, invalidando a alegação de que o pagamento efetuado pela instituição estaria vinculado a esses créditos.
Os defensores do banqueiro também contestam a base das investigações, afirmando que Vorcaro não era alvo de procedimento administrativo no Banco Central. "O fundamento das investigações contra Daniel Vorcaro até agora é, portanto, um fato inexistente. Não há nenhuma fraude de 12 bilhões de reais", declara o documento.
Críticas à liquidação do banco
A defesa critica veementemente as medidas cautelares adotadas, classificando-as como "injustas e desnecessárias". Segundo os advogados, essas medidas forçaram o BC a decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, mesmo diante do fechamento da venda da instituição, amplamente noticiado pela imprensa em 17 de novembro.
Os documentos da venda teriam sido protocolados no BC no mesmo dia, mas a deflagração da Operação Compliance Zero "inviabilizou solução de mercado legítima" que evitaria os custos de liquidação impostos ao sistema financeiro e à sociedade, sem prejudicar as investigações.
O caso do Banco Master e a prisão de Daniel Vorcaro foram tema da reportagem de capa da revista VEJA na última edição, destacando os bastidores de uma das maiores crises do sistema financeiro brasileiro recente.