A vereadora carioca Luciana Boiteux (PSOL) tornou-se alvo de uma onda de violência digital após se manifestar contra uma megaoperação policial realizada na última terça-feira (4) na Zona Norte do Rio. As críticas públicas da parlamentar renderam-lhe uma enxurrada de ofensas e ameaças de morte nas redes sociais, situação que a levou a registrar um boletim de ocorrência na 16ª DP (Barra da Tijuca).
Críticas à operação geram reação violenta
Em suas publicações nas redes sociais, a vereadora questionou a eficácia das megaoperações policiais como estratégia de segurança pública. "Essas operações não resolvem o problema da violência e ainda colocam em risco a vida de moradores inocentes", argumentou Boiteux, que é professora de Direito Penal da UFRJ.
A resposta aos seus posicionamentos foi imediata e agressiva. "Recebi centenas de mensagens com ofensas, xingamentos e ameaças diretas. Muitas vinham de perfis falsos, mostrando que havia uma organização por trás dos ataques", relatou a parlamentar ao G1.
Ameaças incluem violência física e sexual
Entre as mensagens de ódio recepadas pela vereadora, destacam-se:
- Ameaças de morte explícitas
- Ofensas misóginas e machistas
- Ameaças de violência sexual
- Intimações para que se calasse
- Ataques à sua trajetória profissional
"É assustador ver como a violência política contra mulheres se intensifica nas redes sociais", lamentou Boiteux, que já havia sofrido ataques semelhantes em outras ocasiões.
Operação policial na origem dos ataques
A megaoperação que desencadeou os ataques ocorreu em comunidades da Zona Norte do Rio e resultou em pelo menos oito mortes, segundo dados oficiais. A ação mobilizou centenas de agentes e gerou intensos confrontos com criminosos.
A Polícia Civil confirmou que o boletim de ocorrência registrado pela vereadora será investigado. "Todas as ameaças serão apuradas com rigor. A liberdade de expressão é um direito fundamental que deve ser preservado", afirmou fonte da corporação.
Violência digital contra mulheres políticas preocupa
Especialistas em segurança digital alertam que casos como o da vereadora Luciana Boiteux tornaram-se frequentes no Brasil. "Há uma estratégia organizada de silenciamento de mulheres na política através da intimidação digital", analisa a pesquisadora em democracia digital, Marina Silva.
O caso reacende o debate sobre a necessidade de mecanismos mais eficazes de proteção a parlamentares e a urgência de combater a violência política de gênero no ambiente digital.