A Polícia Civil de São Paulo prendeu um homem de 26 anos na cidade de Itanhaém, no litoral paulista, por suspeita de aliciar crianças e adolescentes por meio de uma rede social. A prisão de Antonio Carlos Soares Junior ocorreu no dia 23 de novembro, após investigações que começaram com uma denúncia da avó de uma menina de 10 anos.
Como a investigação começou
A avó da criança descobriu mensagens de cunho sexual e fotografias pornográficas trocadas entre a neta e um homem adulto. Ela imediatamente acionou as autoridades. As investigações foram conduzidas pelo delegado Alexandre Bento e pela equipe do 42º DP (Delegacia de Polícia do Parque São Lucas), em São Paulo.
Os policiais conseguiram localizar o suspeito através da foto de perfil usada na rede social, de registros da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e de dados de um aplicativo de delivery. Com essas informações, foi expedido um mandado de busca, apreensão e prisão.
A prisão e a admissão do crime
Antonio foi detido em sua residência, localizada no bairro Nossa Senhora do Sion, em Itanhaém. Durante a ação, foram apreendidos celulares e computadores, que seguem em análise pericial pelas autoridades para buscar mais evidências.
Em seu depoimento à polícia, o homem admitiu ter trocado mensagens com a menina. Ele afirmou que se tratava de um "jogo" no qual interpretava o papel de "dominador". Mesmo após perceber que estava interagindo com uma criança ou adolescente, confessou que manteve a conversa porque sentia "prazer na situação".
Antonio também disse aos investigadores que sabia que sua conduta era errada e reconheceu a necessidade de ajuda psicológica. No entanto, alegou que os contatos com menores de idade ocorreram apenas de forma virtual.
O crime de grooming e a atuação nas redes
As análises dos aparelhos apreendidos comprovaram que o investigado mantinha interação sexual com a criança, configurando o crime conhecido internacionalmente como grooming. Este delito está previsto no artigo 241-D do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e consiste em aliciar, assediar, instigar ou constranger uma criança, por qualquer meio de comunicação, com o objetivo de praticar ato libidinoso.
O suspeito utilizava o perfil 'yblackspider' no Snapchat, que contava com quase quatro mil seguidores, a maioria crianças e adolescentes. De acordo com o relatório da Polícia Civil, ele enviava fotos pornográficas, convencia a vítima a retribuir com imagens e fazia comentários sexuais em vídeos onde a menina aparecia dançando.
Contexto e legislação de proteção
O caso ocorre em um momento de maior atenção às ameaças digitais contra crianças. Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que combate a "adultização" de menores nas redes sociais. A norma obriga os provedores de internet a vincular perfis de crianças e adolescentes a um responsável e a remover conteúdos considerados abusivos.
O tema ganhou destaque nacional após denúncias do influenciador Felca sobre casos de sexualização infantil, que levaram à prisão de outros indivíduos, como Hytalo Santos e Israel Nata Vicente, investigados por crimes sexuais contra menores.
O g1 tentou contato com a defesa de Antonio Carlos Soares Junior, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O caso segue sob investigação das autoridades.