Polícia investiga perfil fake que difamou moradores em Carmo do Rio Claro
Perfil fake difama moradores de Carmo do Rio Claro

A Polícia Civil de Minas Gerais está investigando um caso grave de difamação através das redes sociais em Carmo do Rio Claro, cidade do Sul do estado. Um perfil anônimo fez publicações falsas e ofensivas contra diversos moradores da região, causando sérios prejuízos à imagem e à vida pessoal das vítimas.

Investigação em andamento

O inquérito policial foi aberto no dia 12 de novembro e deve ser concluído ainda em dezembro, segundo informações da delegacia responsável. Até o momento, dez pessoas já prestaram depoimento sobre o caso. A página que continha as acusações infundadas já foi retirada do ar, mas os danos causados às vítimas permanecem.

O perfil em questão citava nomes de moradores e fazia alegações graves sem apresentar qualquer tipo de prova. Entre as vítimas estão profissionais de diferentes áreas, todos unidos pelo mesmo sentimento de injustiça e exposição indevida.

Vítimas relatam consequências devastadoras

Tifany Vilela, assistente de marketing, foi uma das pessoas citadas no perfil fake. Ela conta que as acusações falsas afetaram profundamente sua vida profissional e familiar. "Falaram de envolvimento com colegas de trabalho. As difamações afetaram minha vida familiar, meu casamento e a honra do meu esposo", relata.

A situação tornou-se tão insustentável que Tifany acabou pedindo demissão do emprego. "Por isso eu saí do meu trabalho, para tentar limpar o nome da minha família", explica a assistente de marketing, que hoje busca apenas a reparação de sua imagem.

Outras vítimas também sofreram com as publicações maliciosas. Um comerciante local chegou a ser acusado de vender drogas, enquanto o jornalista Paulo Otávio Feliciano Melo Silva relatou ter sofrido abalo emocional após ser citado no perfil.

"Me senti exposto indevidamente. Depois veio uma tristeza muito grande pela repercussão. Também senti medo de estar sendo vigiado ou de ser visto pelos outros de uma forma que não é verdadeira", desabafa o jornalista.

Consequências legais para os responsáveis

O advogado Alesson André, que representa Tifany Vilela, já registrou boletim de ocorrência e agora busca provas para mover ações judiciais. "Além da ação penal, pretendemos pedir reparação de danos à imagem, porque houve prejuízo à pessoa dela, o que gera dever de indenização. Mas precisamos identificar os responsáveis pelas publicações", afirmou.

Segundo especialistas em direito criminal, os responsáveis pelas publicações podem responder por diversos crimes. Carlos Diego Miranda, advogado criminalista, explica que além de difamação, há outras consequências legais possíveis.

"Quem curte, compartilha ou comenta instigando a ofensa pode responder junto com o autor da publicação, com possibilidade até de aumento de pena. Se houver envolvimento contínuo de mais de três pessoas, pode caracterizar associação criminosa", alerta o especialista.

Miranda também orienta que as vítimas de crimes digitais devem registrar todas as evidências. "É importante registrar tudo. O ideal é procurar um advogado e lavrar uma ata notarial em cartório, com fé pública. Também é possível usar plataformas como o Veract, que geram um código hash, espécie de 'digital' da página, para uso como prova em juízo".

A empresa responsável pela rede social onde as publicações foram feitas também pode ser acionada judicialmente, desde que as vítimas apresentem as devidas provas do ocorrido.

Enquanto aguarda o desfecho do caso, Tifany mantém a esperança de ver sua honra restaurada. "É só isso que eu quero: uma retratação, limpando a minha imagem que alguém sujou", conclui a assistente de marketing, representando o sentimento de todas as vítimas dessa trama digital que perturbou a paz de Carmo do Rio Claro.