Coreia do Sul prende hackers que invadiram 120 mil câmeras para exploração sexual
Hackers invadem 120 mil câmeras na Coreia do Sul

A Agência Nacional de Polícia da Coreia do Sul anunciou a prisão de quatro indivíduos suspeitos de invadir milhares de câmeras de segurança residenciais. O objetivo dos ataques era a produção e comercialização de material classificado como exploração sexual. A operação policial ocorreu no domingo, dia 30 de novembro.

O Modus Operandi dos Hackers

Os criminosos agiram de forma independente, mas exploraram uma falha comum: a falta de segurança nas senhas dos dispositivos. Eles conseguiram acessar as câmeras IP – equipamentos conectados à internet usados para monitoramento interno – devido a combinações simples, como sequências numéricas ou caracteres repetidos. Esses aparelhos são frequentemente instalados em casas, hospedarias e estabelecimentos comerciais para vigiar crianças, idosos ou animais de estimação.

De acordo com as investigações, o ataque cibernético atingiu aproximadamente 120 mil equipamentos em todo o território sul-coreano. As imagens capturadas ilegalmente eram depois vendidas em plataformas online especializadas na distribuição desse conteúdo ilícito.

Lucros Milionários e a Extensão do Crime

O esquema rendeu ganhos vultosos aos envolvidos. Um dos hackers presos teria obtido cerca de 35 milhões de won (equivalente a aproximadamente 127 milhões de reais) com a venda de 545 vídeos, material extraído de 63 mil câmeras invadidas. Outro acusado lucrou cerca de 18 milhões de won (65 milhões de reais) ao comercializar 648 vídeos, provenientes de 70 mil dispositivos hackeados. Juntos, essa dupla foi responsável por 62% de todo o material rastreado pela polícia.

Park Woo-hyun, chefe da investigação cibernética da agência policial, foi enfático ao condenar os crimes. "As filmagens ilegais causam imenso sofrimento às vítimas e, portanto, são crimes graves. Vamos erradicá-los por meio de investigações rigorosas", declarou. Ele ainda alertou que visualizar e possuir os vídeos também constitui crime e será alvo de apuração.

Incerteza sobre Vítimas e Impacto Social

Até o momento, o número total de vítimas permanece desconhecido. As autoridades visitaram 58 locais para notificar pessoas afetadas e oferecer orientações sobre segurança digital. As plataformas usadas para divulgar o material também estão sob investigação.

Este caso concretiza um dos grandes temores da sociedade sul-coreana: a espionagem eletrônica ilegal. A preocupação com câmeras ocultas em banheiros públicos ou vestiários (conhecido como "crime de câmera escondida") já era antiga no país, mas agora o perigo migrou para o ambiente doméstico. Mulheres jovens são frequentemente o alvo principal dessas violações, que transformam o lar, um local de segurança, em um palco de vigilância criminosa.

Os quatro suspeitos foram acusados de violar leis de pirataria informática. Três deles enfrentam acusações adicionais por venda de material de exploração sexual, incluindo conteúdo envolvendo crianças. Enquanto três permanecem sob custódia, um quarto suspeito foi liberado. O episódio reforça a necessidade urgente de medidas robustas de cibersegurança por parte de usuários e fabricantes de dispositivos conectados.