O Google iniciou um programa piloto no Brasil para combater fraudes bancárias, com foco especial no golpe do Pix através de falsas centrais telefônicas. O teste global, que já está em andamento, representa uma nova frente de batalha contra criminosos digitais.
Como funciona a nova proteção
Durante o teste, aparelhos Android exibirão um alerta de segurança sempre que o usuário abrir aplicativos bancários ou a carteira do Google durante chamadas com números desconhecidos. O sistema oferece um botão para encerrar imediatamente a ligação e interromper o compartilhamento de tela com um único toque.
Inicialmente, a ferramenta está disponível apenas para usuários do aplicativo Itaú e da Google Wallet, resultado de uma parceria entre as empresas. A escolha do Brasil como laboratório para o teste não é por acaso: o golpe da falsa central telefônica é o segundo mais comum no país, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
O perigo do compartilhamento de tela
Uma reportagem da Folha de S.Paulo, publicada em junho, já alertava sobre o crescimento dessa modalidade de fraude. Os criminosos se passam por técnicos de bancos e convencem as vítimas a instalar aplicativos legítimos de acesso remoto, como TeamViewer e AnyDesk.
O golpe segue um roteiro preocupante:
- O estelionatário liga se apresentando como funcionário do banco
- Convence a vítima a instalar aplicativos de acesso remoto
- Pede o código de controle remoto exibido na tela
- Assume o controle completo do dispositivo
- Realiza transações financeiras para esvaziar a conta
Nem antivírus nem a segurança dos apps bancários conseguem prevenir essas perdas, já que os programas utilizados são legítimos e disponíveis nas lojas oficiais.
Outras novidades em segurança
Durante o evento "Só no Android", realizado na semana passada, o Google anunciou outras ferramentas de proteção. Usuários de smartphones com Android 16 poderão definir "lugares de confiança", como casa e trabalho. Quando estiverem longe desses locais, o dispositivo exigirá autenticação biométrica para acessar configurações sensíveis.
A nova "Proteção de Restauração de Fábrica" também promete dificultar a vida dos criminosos. Quando ativada, exige as credenciais do usuário para realizar o reset do aparelho - uma tática comum para burlar sistemas de segurança.
"Se um ladrão tentar pular o processo de configuração em um celular com esse recurso ativado, o aparelho se tornará inutilizável e só poderá ser restaurado com as credenciais do proprietário", explicou o Google.
A empresa ainda tornou padrão o Bloqueio por Detecção de Roubo, que trava automaticamente a tela quando detecta movimentos suspeitos, como quando alguém agarra o aparelho e começa a correr.
O Google revelou que sua inteligência artificial protege usuários Android contra mais de 2 bilhões de ligações e mensagens suspeitas por mês, demonstrando a escala do desafio de segurança digital no país.