
O que era para ser apenas mais um dia de deslocamento pela cidade maravilhosa se transformou em pesadelo para dezenas de cariocas. Uma verdadezia onda de clonagens está atingindo quem usa o JAE - o Já Era Esperado, como alguns já começam a chamar o sistema de bilhetagem eletrônica.
Imagine isso: você passa o cartão no validador, ouve aquele 'bip' característico e segue seu caminho. Dias depois, seu celular começa a apitar com notificações de compras que você nunca fez. Foi exatamente essa sequência sinistra que uniu vítimas em diferentes pontos do Rio.
O Golpe da Rotina
O modus operandi é simplesmente diabólico. Os criminosos - deve ter uma mente por trás disso - instalaram dispositivos camuflados nos validadores. Quando você aproxima seu cartão de crédito ou débito, o aparelho maligno faz uma leitura paralela dos dados. Pronto: sua vida financeira agora tem um sócio não autorizado.
"Foi uma sucessão de pequenas transações, todas abaixo de 50 reais", conta uma professora que prefere não se identificar. "Parecia que alguém estava testando até onde podia chegar. Me senti violada, sabe?"
O Rastro Digital
As transações fraudulentas seguem um padrão curioso - e assustador. Começam modestas, como se o ladrão estivesse se acostumando com o território conquistado. Depois, partem para valores mais substanciais. E o pior: muitas são feitas em estabelecimentos físicos, sugerindo que os dados são usados para fabricar cartões clonados.
Os bancos, claro, estão numa saia justa. Alguns reembolsam rapidamente, outros enrolam - típico. Mas o estrago psicológico já está feito. "Agora fico com o coração na mão toda vez que vou pagar algo", desabafa um comerciante de Copacabana.
E Agora, José?
Especialistas em segurança digital ouvidos pela reportagem sugerem medidas básicas mas essenciais:
- Prefira pagamentos por aproximação usando celular - é mais seguro que o cartão físico
- Ative todas as notificações do seu banco, mesmo as mais chatas
- Desconfie de validadores com aspecto diferente ou danificado
- Verifique seu extrato com frequência obsessiva
O Conselho de Segurança já foi acionado, dizem as más línguas. Mas enquanto a burocracia se mexe, a população fica refém dessa nova modalidade de assalto - silencioso, digital e igualmente devastador.
Parece que no Rio de Janeiro, além de olhar o celular, agora temos que vigiar até como pagamos o ônibus. Que tempos são esses, meu Deus?