Gato 'prefeito' morto por robô-táxi da Waymo gera revolta em São Francisco
Robô-táxi atropela gato e causa revolta em São Francisco

A morte de um gato de estimação comunitário, conhecido carinhosamente como o "prefeito da rua 16", está no centro de uma crescente revolta contra os carros autônomos em São Francisco, nos Estados Unidos. O felino, chamado KitKat, foi atropelado fatalmente por um robô-táxi da empresa Waymo, reacendendo um debate acalorado sobre a segurança e a aceitação social dessa tecnologia.

O acidente que chocou um bairro

Na noite de 27 de outubro de 2025, um veículo autônomo da Waymo iniciou uma manobra para pegar um passageiro no bairro de Mission. Foi nesse momento que KitKat, um gato rajado de seis anos, correu repentinamente para debaixo do carro. Testemunhas relataram que a roda traseira do robô-táxi atingiu o animal, que não resistiu aos ferimentos.

KitKat não era um gato qualquer. Ele vivia em um mercadinho local e era a paixão dos clientes e moradores. Alguns levavam salmão para ele, outros compartilhavam fotos diárias do bichano com familiares. Sua morte transformou uma tragédia local em um símbolo da resistência contra os veículos sem motorista.

A revolta dos moradores e os argumentos contra os robôs-táxi

Imediatamente após o incidente, cartazes convocando um boicote aos carros da Waymo começaram a aparecer pelo bairro. Os moradores revoltados apontam uma série de críticas que vão além do acidente com o gato:

  • Impacto no transporte público: Alegam que os táxis autônomos retiram passageiros do sistema público, aumentando o tráfego e reduzindo a arrecadação para benefício de bilionários do Vale do Silício.
  • Perda de empregos: Argumentam que a tecnologia elimina postos de trabalho de motoristas humanos.
  • Questão da responsabilidade: O acidente coloca em evidência o complexo debate sobre quem deve ser responsabilizado – a empresa, os desenvolvedores do software ou o proprietário do veículo – quando um acidente envolve uma inteligência artificial no comando.
  • Rejeição psicológica: Muitos simplesmente se sentem inseguros ou desconfortáveis com a ideia de um carro sem uma pessoa ao volante.

Atualmente, cerca de 1000 carros autônomos da Waymo, empresa pertencente à Alphabet (holding do Google), operam na região de São Francisco.

O outro lado: a defesa da tecnologia autônoma

Enquanto a revolta ganha força, defensores dos veículos autônomos apresentam estatísticas para contra-argumentar. Eles destacam que, no último ano, carros conduzidos por humanos foram responsáveis por 43 mortes em São Francisco, enquanto os robôs-táxi não registraram nenhum óbito humano.

Em relação a atropelamentos de animais, organizações de proteção, como a Animal Care and Control, confirmam que centenas de bichos são mortos anualmente por carros dirigidos por pessoas. Os defensores também apontam benefícios sociais, como a maior sensação de segurança para mulheres, que podem preferir um táxi autônomo a um motorista desconhecido.

Desdobramentos e o futuro da tecnologia

A Waymo emitiu um comunicado lamentando profundamente o ocorrido com KitKat e anunciou uma doação para uma organização não governamental de proteção animal. O incidente, no entanto, pressiona a empresa a revisar e melhorar seus sistemas.

Especialistas sugerem que a tragédia pode acelerar a implementação de novas medidas de segurança, como a instalação de sensores mais sensíveis na parte inferior dos veículos para detectar pequenos obstáculos. O caso do gato KitKat deixou claro que, para a aceitação em larga escala da inteligência artificial no trânsito, as empresas precisam considerar não apenas a segurança humana, mas também a convivência com a vida urbana em todas as suas formas – e lidar com o peso emocional que incidentes como esse carregam.