
Imagine abrir a janela e se deparar com uma realidade que dói na alma. É exatamente o que acontece diariamente com moradores de um bairro em Feira de Santana, no interior baiano. A cena? Revoltante.
Cerca de 80 cães – sim, você leu direito, oitenta – vivem em condições que beiram o inacreditável. Não é exagero. A situação é tão crítica que os vizinhos simplesmente não aguentavam mais testemunhar aquilo calados.
O cheiro, segundo relatos, é o primeiro sinal de alerta. Um odor fétido que impregna o ar e denuncia o descaso. Mas o pior vem quando se aproxima do local. Os animais, muitos deles visivelmente debilitados, vivem no meio de sujeira, fezes e restos de comida espalhados. Alguns sequer têm acesso à água limpa ou sombra para se proteger do sol escaldante do Nordeste.
Desespero e impotência
"É de cortar o coração", desabafa uma moradora que preferiu não se identificar, com a voz embargada. "A gente ouve os latidos dia e noite, alguns parecem ser de dor. Não dá mais para ficar parado."
E não ficaram. A revolta da comunidade culminou em uma denúncia formal às autoridades. A Delegacia de Proteção Animal (Depa) já foi acionada e deve investigar o caso. A questão agora é saber o que levou a essa situação absurdamente negligenciada.
O que diz a lei?
Maus-tratos contra animais é crime, previsto na Lei nº 14.064/20, com pena de dois a cinco anos de prisão, multa e proibição da guarda. Mas, entre o papel e a realidade, existe um abismo – que esses 80 cães estão atravessando diariamente.
Enquanto a justiça não age, os vizinhos seguem na angústia de testemunhar o sofrimento alheio, sem poder fazer muito mais do que esperar. Esperar que alguém, finalmente, dê a esses animais o mínimo de dignidade que merecem.