O que começou como mais uma manhã de ensaios no Teatro de Contêiner, na região da Luz, virou um verdadeiro caos. A tropa da Guarda Civil Metropolitana chegou por volta das 10h, mas a coisa não foi nada pacífica. A ordem judicial de despejo do terreno na Rua São Caetano era clara, mas a execução… bem, essa deixou muito a desejar.
O spray de pimenta jorrou. A cena foi de puro tumulto. Membros do grupo teatral, que há anos ocupa o espaço com uma proposta cultural alternativa, gritavam, tossiam, tentavam se proteger. "Foi um excesso total, uma violência gratuita", desabafa um dos artistas, que preferiu não se identificar com medo de represálias. A fumaça irritante tomou conta do ar, e a situação rapidamente fugiu do controle.
A Prefeitura de São Paulo, é claro, tem uma versão bem diferente. Eles soltaram uma nota dizendo que a reintegração de posse era necessária, que a área é pública e precisa ser devolvida à administração municipal. Alegam que o uso do spray foi uma "medida de contenção" porque os artistas resistiram à ação. Juram que cumpriram todos os protocolos. Mas, cá entre nós, spray de pimenta em artista? Será que não havia outra saída?
O terreno é alvo de uma disputa judicial que já se arrasta há tempos. De um lado, a Secretaria de Cultura, que promete realocar o grupo para outro espaço – um galpão na Barra Funda. Do outro, os artistas, que desconfiam da promessa. Eles temem ficar sem um teto para seus projetos e perder a vitalidade que o centro lhes oferece. É uma discussão antiga: a cidade que se desenvolve versus os espaços culturais que a tornam humana.
O clima no local depois do ocorrido era pesado. Alguns integrantes precisaram de atendimento médico por causa da irritação nos olhos e na pele. A Polícia Militar até apareceu para dar suporte à GCM, mas felizmente não houve prisões ou ferimentos mais graves. Ainda assim, o saldo foi de revolta e frustração.
O que esse episódio revela sobre São Paulo? Deixa a gente pensando sobre como a gente trata a cultura nas nossas quebradas. Um espaço que era pra ser de arte virou palco de conflito. Uma pena, não é? No fim, todo mundo perde: os artistas, a cidade, e um pedaço da nossa identidade cultural que vai se esvaindo.
