Quem viveu ou visitou Fortaleza nas últimas décadas certamente se lembra do hotel que há anos resistia à beira-mar, quase como um guardião da orla. Pois é, amigos – preparem os suspiros. Aquele cenário está prestes a virar história.
Não, não é exagero. A prefeitura já deu o aval, e o que vem por aí é um colosso de concreto e vidro: um prédio de 45 andares, todo enfeitado com o que há de mais chique em arquitetura moderna. E olha que a coisa não é só altura – o projeto promete (com direito a sorriso de marketing) "redefinir o conceito de luxo no Nordeste". Será?
O que se perde (e o que se ganha?)
O hotel, que resistiu a tantas temporadas de vento salgado, não era exatamente um palácio. Mas tinha seu charme, seu público fiel, aquela vista que deixava qualquer um de queixo caído. Agora, imagine isso substituído por:
- Apartamentos com preços que beiram o surreal
- Áreas de lazer que parecem saídas de catálogos de Dubai
- E, claro, aquele silhuetão dominando o horizonte
Não à toa, os vizinhos já estão divididos. Tem quem comemore a valorização imobiliária (óbvio), mas não faltam saudosistas resmungando pelo cantinho. "É o progresso", dizem uns. "É um crime contra a paisagem", retrucam outros.
E aí, vale a pena?
Bom, se depender dos investidores, a resposta é um sonoro "sim". Eles juram de pés juntos que o projeto vai trazer empregos, movimentar a economia e – pasmem – até "melhorar" o visual da orla. (Entre aspas porque, convenhamos, gosto é que nem... bem, você sabe.)
Já os urbanistas? Esses coçam a cabeça. Dizem que a cidade perde um pouco da identidade a cada demolição dessas. Mas, no fim, quem manda mesmo é o concreto – e o dinheiro que vem junto.
Uma coisa é certa: daqui a alguns anos, quando você estiver passando pela Beira-Mar e olhar para cima, dificilmente vai lembrar do hotel antigo. A memória é assim mesmo – frágil feito castelinho de areia na maré alta.
