
Pois é, quem diria que o velho conhecido Google Street View iria se tornar uma máquina do tempo? As imagens que circulam por aí mostram algo que beira o inacreditável: a Belém de antes, aquela mesma que muitos de nós conhecíamos, simplesmente não existe mais do mesmo jeito.
E olha que não estou exagerando — a transformação foi tão radical que até quem mora na cidade há décadas pode se sentir um tanto perdido. As fotos do Street View, capturadas em 2022, mostram uma cidade completamente diferente da que se prepara agora para receber a Conferência do Clima da ONU em 2025.
Do asfalto rachado aos novos tempos
Lembram daquelas ruas esburacadas, dos calçadas irregulares, daquele visual meio caótico que toda cidade brasileira tem? Pois é, tudo isso está virando história. E rápido. A preparação para a COP-30 acelerou mudanças que, em circunstâncias normais, levariam anos — talvez décadas.
O que mais me impressiona, sinceramente, é a velocidade. Em apenas dois anos, a cidade se reinventou de uma maneira que poucos conseguiriam imaginar. E o mais curioso: muitas dessas mudanças eram exatamente o que os ambientalistas sempre pediram — mais áreas verdes, menos concreto, mais planejamento urbano pensando nas pessoas e não nos carros.
O paradoxo das reformas
Aqui vai uma reflexão que não quer calar: por que só nos movemos quando o mundo inteiro está olhando? As reformas e melhorias são, claro, mais do que bem-vindas. Mas dá uma pontinha de frustração saber que poderiam ter acontecido antes, muito antes.
As imagens antigas mostram uma cidade que, vamos combinar, precisava urgentemente de cuidados. E agora? Agora temos ciclovias onde antes só havia trânsito caótico, praças revitalizadas onde o mato tomava conta, e um sistema de transporte que — pasmem — começa a fazer sentido.
E os moradores, o que acham?
Conversando com algumas pessoas pela cidade, a sensação é ambígua. Por um lado, claro, todo mundo adora ver a cidade mais bonita, mais organizada, mais funcional. Mas por outro... existe aquela nostalgia do jeito que as coisas eram, mesmo com todos os problemas.
É complicado, né? A gente reclama do buraco na rua, mas quando tapam o buraco, sentimos falta da rua do jeito que era. Coisas da natureza humana, imagino.
O que ninguém discute é o timing perfeito — ou quase perfeito. A cidade se transforma justamente quando o mundo todo vai colocar os holofotes sobre ela. Convenhamos: não deixa de ser uma jogada de mestre.
O legado que fica
A grande questão, agora, é saber se todas essas mudanças vão permanecer depois que as câmeras internacionais forem embora. Será que a nova Belém veio para ficar, ou é só uma maquiagem para impressionar os visitantes?
Eu, particularmente, torço — e muito — pela primeira opção. Porque no fim das contas, o que importa não é a conferência em si, mas o que sobra dela para quem vive na cidade dia após dia.
E cá entre nós: se era preciso uma COP-30 para termos a cidade que merecemos, que assim seja. O importante é que as mudanças chegaram. Melhor tarde do que nunca, não é mesmo?