Quem depende do VLT em Maceió vai precisar se reorganizar. A partir desta semana, os trens leves sobre trilhos — aqueles que cortam a cidade como veias de aço — tiveram seus horários ajustados. E não foi capricho da operadora: a queda no número de passageiros, que despencou feito barreira de coral após o desastre ambiental da Braskem, obrigou a mudança.
Segundo fontes do setor, a frequência nas linhas caiu quase 40% desde maio. "É como se parte da cidade tivesse evaporado", comenta um motorista que pediu para não ser identificado. Os novos horários, publicados em edital, reduziram viagens nos períodos de menor movimento — principalmente entre 10h e 15h.
O que mudou na prática?
- Intervalos que eram de 15 minutos passaram para 22 minutos nos horários de vale
- Última partida da linha central antecipada em 40 minutos
- Finais de semana com 30% menos circulações
Não é segredo que o rombo ambiental da Braskem abalou mais que o solo da cidade. Bairros inteiros viraram fantasmas, com ruas vazias e comércios fechados — e isso, claro, refletiu no transporte. "Antes lotávamos três composições por hora. Hoje mal enchemos duas", desabafa uma fiscal de plataforma enquanto ajusta o relógio de pontos.
E os passageiros?
Ah, os passageiros... Esses ficaram entre a cruz e a caldeira. Maria das Graças, diarista que usa o VLT há oito anos, reclama: "Agora tenho que sair de casa mais cedo, senão perco a consulta no posto". Já o estudante Rafael vê lado positivo: "Pelo menos os vagões estão menos abarrotados".
A prefeitura garante que está monitorando a situação — porque sim, ainda há quem precise do serviço. Enquanto isso, os trilhos continuam seu vai-e-vem, só que mais espaçados, como batimentos cardíacos de quem já cansou de esperar por normalidade.
