
A coisa tá feia, e feia mesmo. Um pedaço do Paraná que deveria ser sagrado — literalmente — acabou de entrar para um ranking que ninguém quer fazer parte. Falamos de uma Terra Indígena no oeste do estado que, pasmem, virou uma das campeãs de desmatamento na já tão castigada Mata Atlântica.
E o pior? A destruição rolou justamente sob o comando de quem deveria proteger: um cacique da região. Parece aquela história de guarda virando ladrão, só que com mais árvores no chão e menos verde no horizonte.
Os números que não mentem
Quando os técnicos botaram a mão na massa — ou melhor, nos dados — descobriram algo estarrecedor. Só no último ano, essa área perdeu vegetação nativa equivalente a dezenas de campos de futebol. Não são números pequenos, não. São hectares que somem enquanto a gente discute se o clima tá quente ou muito quente.
O que me deixa pensativo: como uma terra indígena, que por lei deveria ser protegida com unhas e dentes, acabou nessa situação? A resposta, parece, tá mais na ganância do que na necessidade.
O cacique e as motosserras
A liderança indígena em questão — vamos chamar de "chefe da destruição" — teria autorizado pessoalmente o desmate. Motivo? Aparentemente, abrir espaço para agricultura. Trocar árvores centenárias por plantações que duram uma estação.
É de cair o queixo. De um lado, a cultura ancestral que sempre soube conviver com a floresta. Do outro, a tentação do dinheiro fácil que derruba mais que árvores — derruba princípios.
Mata Atlântica: o bioma que insiste em sobreviver
Pensar que restam apenas fragmentos do que um dia foi uma floresta majestosa dá uma angústia. O bioma mais devastado do Brasil — sim, mais até que a Amazônia em termos percentuais — continua sangrando.
E quando o golpe vem de dentro de áreas protegidas? Aí a ferida dói mais ainda. É como se o último refúgio também estivesse sob ataque.
Os fiscais ambientais, esses heróis anônimos, andam de cabelo em pé. Eles sabem que cada árvore derrubada nessa região é uma pá de cal no futuro do bioma. E o pior: quando a motosserra vem com "autorização", fica difícil argumentar com quem só enxerga lucro imediato.
E agora, José?
A situação é daquelas que dá vontade de jogar a toalha. Mas não podemos. Enquanto houver um pé de araucária em pé — e ainda há, graças a Deus — vale a pena lutar.
O caso dessa terra indígena no Paraná serve de alerta. Mostra que a preservação não pode dar tréguas, nem mesmo dentro de territórios que teoricamente estariam a salvo da ganância.
Resta saber se as autoridades vão agir — e não estou falando daquelas multinhas que viram piada. Falo de responsabilizar quem, vestindo a pele de protetor, acabou virando o algoz da própria terra.
O tempo dirá. Enquanto isso, a Mata Atlântica continua esperando — e minguando.