Seca extrema castiga 78 cidades do Maranhão: pesquisa revela cenário crítico
Seca extrema castiga 78 cidades do Maranhão

O mapa da seca no Maranhão está pintado de vermelho — e não é exagero. Uma pesquisa recente da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) escancara o que muitos já sentiam na pele: 78 municípios estão sob o jugo de uma estiagem tão braba que parece ter vindo direto do sertão de Graciliano Ramos.

Não é só falta de chuva, não. É terra rachando, cacimba secando e roçado virando pó. A coisa tá feia, e quem mais sofre são os pequenos agricultores — aqueles que plantam feijão no quintal e criam galinha solta.

O retrato da crise

Os números não mentem (embora doam):

  • Mais da metade das cidades afetadas estão no sul do estado
  • Os reservatórios estão com menos de 30% da capacidade
  • Prejuízos na agricultura familiar já passam de R$ 50 milhões

"É como se alguém tivesse fechado a torneira do céu", brinca sem graça o agricultor Raimundo Nonato, de 62 anos, enquanto mostra o milharal ressecado. Sua colheita deste ano? "Nem pra fazer pipoca".

Efeitos em cascata

O problema vai muito além das plantações. Com os rios baixando, algumas comunidades estão tendo que:

  1. Andar quilômetros para buscar água
  2. Racionar o pouco que tem
  3. Improvisar soluções caseiras — nem sempre seguras

Na saúde pública, os postos já registram aumento nos casos de desidratação e doenças relacionadas à água contaminada. E olha que nem chegamos no pico do verão ainda...

O que dizem os especialistas?

O professor Cláudio Mendes, coordenador da pesquisa, não mexe água com açúcar: "Estamos diante de um cenário que mistura mudanças climáticas com má gestão dos recursos hídricos". Ele destaca que algumas áreas não vêem chuvas significativas há oito meses — tempo suficiente para uma gravidez humana.

Enquanto isso, nos gabinetes, a discussão sobre medidas emergenciais parece tão lenta quanto o gotejar de uma torneira ruim. Algumas prefeituras já decretaram situação de emergência, mas os agricultores reclamam que a ajuda "chega mais devagar que jabuti em ladeira".

Uma coisa é certa: se não chover logo — e não chover direito —, o Maranhão pode ter que trocar seu lema de "Terra das Palmeiras" para "Terra das Poeiras".