Portos e Meio Ambiente: Um Debate Urgente no Festival da Cultura Oceânica
Portos e meio ambiente: um debate necessário e urgente

Não é de hoje que a relação entre portos e natureza parece um casamento complicado — necessário, mas cheio de desavenças. E foi justamente esse tensionamento que dominou as conversas no Festival da Cultura Oceânica, realizado em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. O evento, que rolou entre os dias 26 e 28 de agosto, botou o dedo na ferida: como conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental?

Ninguém ali era ingênuo de achar que a resposta seria simples. Pelo contrário. O debate foi acalorado, profundo e, acima de tudo, honesto. Especialistas de diversas áreas — biólogos, economistas, gestores públicos — trouxeram visões que, embora diferentes, convergiam num ponto: a sustentabilidade não é opcional. É urgente.

Os Impactos que Ninguém Vê (Mas que Estão Lá)

Quem pensa que operação portuária se resume a navios e contêineres precisa rever seus conceitos. A verdade é que o dia a dia desses complexos envolve uma cadeia de impactos ambientais silenciosos, porém significativos. Poluição sonora subaquática que desorienta mamíferos marinhos, vazamentos de óleo que parecem mínimos até se acumularem no fundo do mar, alteração de correntes marinhas por obras de expansão… a lista é longa.

E olha, não é papo de ambientalista radical não. É ciência pura. Dados apresentados durante o festival mostram que, sem gestão adequada, até a dragagem — necessária para manter os canais de navegação — vira uma ameaça aos ecossistemas costeiros.

Mas Tem Solução? Claro que Tem!

O mais interessante — e talvez esperançoso — do evento foi a ênfase em saídas práticas. Tecnologias de monitoramento em tempo real, uso de energias renováveis nos terminais, programas de compensação ambiental que realmente funcionam… várias experiências deram certo em outros lugares e podem ser adaptadas por aqui.

Uma das palestras mais comentadas foi a do representante do Porto de Santos, que detalhou como modernizações operacionais reduziram em 40% as emissões de carbono nos últimos cinco anos. Isso é fato, não promessa.

O Papel da Sociedade

Ah, e não pense que a responsabilidade é só das empresas ou do governo. Comunidades do entorno, pescadores, pesquisadores e até turistas têm voz ativa nesse processo. Fiscalização colaborativa, denúncias por aplicativo e pressão por transparência são armas poderosas — e que já estão sendo usadas.

No final das contas, o festival deixou claro: o caminho é o diálogo. Sem radicalismos, mas com firmeza. Porque o mar não é recurso infinito — é herança frágil que a gente precisa cuidar hoje para que exista amanhã.