
Era pra ser um dia histórico. Depois de meses de negociações, representantes de mais de 170 países se reuniram para fechar o primeiro tratado global contra a avalanche de plástico que está sufocando os oceanos — mas aí vieram os "senhores do petróleo" e puseram tudo a perder.
Numa jogada que deixou ambientalistas de cabelo em pé, Arábia Saudita, Rússia e outros gigantes do óleo barraram a proposta que limitaria a produção de plásticos virgens. Convenhamos: não é exatamente uma surpresa, mas decepciona ver o lucro sendo colocado à frente da sobrevivência dos ecossistemas.
O jogo de empurra-empurra que pode custar caro
Detalhes do acordo vazaram antes da reunião — e aí começou o problema. O texto previa:
- Redução de 40% na produção de plástico até 2040
- Proibição de alguns produtos descartáveis já em 2025
- Taxação sobre embalagens não recicláveis
"É como enxugar gelo", reclamou uma delegada europeia que preferiu não se identificar. "Enquanto alguns países querem avançar, outros insistem em nadar contra a maré da ciência."
O lado sujo da moeda
A indústria petroquímica — aquela mesma que nos encheu de microplásticos até no sangue — argumenta que cortes drásticos "prejudicariam a economia global". Traduzindo: afetariam seus lucros bilionários.
Enquanto isso, a ONU estima que até 2050 teremos mais plástico que peixes nos oceanos. Ironicamente, muitos dos países que bloquearam o acordo são justamente os que mais sofrem com enchentes e outros desastres climáticos.
O Brasil? Ficou em cima do muro. Nem apoiou totalmente as restrições, nem se aliou descaradamente ao grupo do petróleo. Uma postura no mínimo curiosa para um país que se vende como "potência ambiental".
E agora?
As negociações voltam em novembro, mas o clima já está pesado. Ativistas prometem transformar esse impasse em tema central das eleições em vários países. "Vamos lembrar aos políticos que oceanos não votam, mas eleitores sim", avisou o diretor de uma ONG ambiental.
Enquanto os governos discutem, aqui vai um dado pra refletir: cada minuto, um caminhão de lixo plástico é despejado no mar. E parece que vamos continuar contando — pelo menos até a próxima reunião.