
Parece que o mundo ainda não aprendeu a lição. Enquanto toneladas de plástico continuam sufocando oceanos e entupindo aterros, os diplomatas da ONU estão travados numa discussão que mais parece briga de ego — e o relógio ambiental não para de ticar.
O quarto round de negociações em Ottawa (Canadá) terminou sem aquele acordo prometido para frear a crise do plástico. Detalhe: era pra ser o penúltimo encontro antes do tratado final em novembro. Mas, como diz meu avô, "entre a boca e o copo, cai a sopa no popô".
O xis da questão
De um lado, 60 países — incluindo a maioria da União Europeia — querem metas obrigatórias pra reduzir produção de plástico virgem. Do outro, gigantes como EUA e China empurram com a barriga, defendendo que cada nação decida seus limites. Conveniente, não?
- Produção global de plástico deve quase triplicar até 2060
- Apenas 9% de todo plástico já produzido foi reciclado
- Microplásticos já invadiram até placenta humana
"É como assistir um paciente morrendo na UTI enquanto os médicos discutem quem vai pagar a conta", disparou um observador anônimo do Greenpeace, num tom que misturava cansaço com indignação.
O jogo político por trás do plástico
Ah, a velha história de sempre! Indústrias petroquímicas — muitas delas patrocinadoras oficiais desses eventos — fazem lobby pesado nos bastidores. Enquanto isso, pequenas ilhas do Pacífico, que literalmente afundam em lixo plástico, imploram por ação imediata.
Curiosidade triste: os mesmos países que hoje freiam o tratado são os que mais exportam resíduos plásticos para nações em desenvolvimento. Coincidência? Difícil acreditar.
E o Brasil nessa história?
Nosso país anda na corda bamba. Por um lado, sinaliza apoio a metas globais. Por outro, ainda engatinha na implementação da própria Política Nacional de Resíduos Sólidos — aquela lei de 2010 que muitos municípios tratam como letra morta.
"Temos um paradoxo tropical", analisa uma fonte do MMA que preferiu não se identificar. "Falamos bonito nos fóruns internacionais, mas aqui dentro a indústria da reciclagem ainda opera na idade da pedra lasrada."
Enquanto isso, nas periferias brasileiras, catadores viram heróis invisíveis — recolhendo o que o sistema oficial ignora, sem qualquer reconhecimento digno. Ironia cruel: são eles os verdadeiros agentes ambientais, não os engravatados das conferências.