
Era pra ser um marco histórico. Depois de anos de discussões, o mundo parecia pronto para fechar o cerco contra a invasão silenciosa dos plásticos — aqueles materiais que viram de tudo, de garrafas a micropartículas no ar que respiramos. Mas a realidade, como sempre, pregou uma peça.
Na sede da ONU em Nairóbi, o clima era de frustração. Delegados de 175 países chegaram com esperança de costurar um pacto global, mas saíram de mãos vazias. O motivo? Brigas de ego, interesses econômicos e — pasme — até discordâncias sobre o que, afinal, deveria ser considerado "plástico".
O impasse que ninguém viu (ou quis ver) chegando
Dois blocos se enfrentaram como titãs. De um lado, nações como Japão e EUA, que queriam metas voluntárias. Do outro, quase 60 países liderados por Noruega e Ruanda, defendendo cortes obrigatórios na produção — algo que, convenhamos, faria grandes petroleiras torcerem o nariz.
"É como assistir a um paciente morrendo enquanto os médicos discutem qual remédio usar", resmungou um observador, pedindo anonimato. Dramático? Talvez. Mas os números assustam:
- 11 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos anualmente
- Até 2040, a produção deve dobrar
- Menos de 10% de todo plástico é reciclado
E o Brasil nessa história?
Nosso país ficou em cima do muro — e olha que temos motivos de sobra para liderar. Só em 2022, geramos 13 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Dá pra encher 1.300 estádios do Maracanã. E aí, vamos continuar nessa?
Especialistas alertam: sem ação global, iniciativas locais viram enxugar gelo. "É preciso repensar todo o ciclo, da produção ao descarte", defende Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, que chegou a propor metas ousadas — mas, convenhamos, sem muita companhia.
O que vem por aí?
Próxima rodada de negociações só em novembro, no Canadá. Enquanto isso, o plástico continua se acumulando — nos rios, nos peixes, e até no sal que tempera nossa comida. Ironia cruel: o material feito para durar eternamente pode acabar com nosso tempo na Terra.
E você, acha que ainda dá pra reverter esse jogo? Ou já passamos do ponto sem volta? A resposta, como tudo nessa história, parece estar boiando em algum mar de incertezas.