Orla de Santarém Ganha Cara Nova Após Mutirão de Limpeza Que Mobilizou Comunidade
Mutirão limpa orla de Santarém e conscientiza

Quem passou pela orla de Santarém neste fim de semana viu uma cena que aquece o coração: dezenas de voluntários com sacos de lixo nas mãos, arregaçando as mangas para devolver ao Tapajós a beleza que sempre mereceu. E olha, não foi pouco o que recolheram.

Garrafas plásticas, embalagens de isopor, bitucas de cigarro — parece que tudo que não deveria estar ali decidiu dar as caras. Mas a turma não se intimidou. Pelo contrário, o que poderia ser apenas mais um mutirão virou quase uma festa de conscientização.

Mais Do Que Limpeza, Uma Lição

O pessoal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) estava lá não só para coordenar, mas para conversar. E foi isso que fizeram: puxaram papo com quem passava, explicaram sobre os perigos do lixo nos rios e até distribuíram material educativo.

"A gente sabe que mudança de hábito leva tempo", comentou um dos organizadores, enquanto separava plásticos para reciclagem. "Mas quando as pessoas veem outros cidadãos comuns se dedicando assim, algo clica na mente."

E tinha de tudo um pouco entre os voluntários: estudantes, aposentados, famílias inteiras. Uma senhora que não quis se identificar contou que mora há 40 anos em Santarém e nunca tinha participado de nada parecido. "Cansei de reclamar sozinha em casa, resolvi fazer minha parte", disse, com as luvas ainda sujas de terra.

Números Que Impressionam

  • Mais de 50 voluntários participaram da ação
  • Dezenas de sacos de 100 litros cheios de resíduos
  • Plástico foi o material mais encontrado — uma triste realidade
  • Material reciclável separado e encaminhado para cooperativas

O que mais me chamou atenção foi o espírito de comunidade. Teve gente que chegou cedo e ficou até o último saco ser recolhido. Outros apareceram com água e lanches para os voluntários. Aquela sensação de que, quando a gente quer, consegue fazer a diferença.

E Agora, O Que Fica?

Depois que a poeira baixou e o lixo foi todo embora, ficou a pergunta: será que vai durar? Os organizadores são realistas — sabem que uma ação não resolve o problema crônico do descarte inadequado. Mas acreditam no efeito multiplicador.

"Cada pessoa que passou e viu nosso trabalho é um potencial agente de mudança", refletiu uma das coordenadoras. "E cada voluntário que participou hoje vai cobrar mais cuidado dos amigos e familiares."

Enquanto o sol se punha sobre o Tapajós, dava para ver a diferença. A orla respirava melhor, sem aquele visual de abandono que tanto nos entristece. Resta torcer para que a lição do mutirão ecoe mais alto que o hábito de jogar lixo onde não deve.

Quem sabe não é o início de um novo capítulo na relação dos santarenos com seu cartão-postal mais famoso?