
Quem passou pelas praias de Saquarema nesta terça-feira (30) teve a sensação de estar num filme de ficção científica. Do nada — ou melhor, do mar — veio uma invasão silenciosa que transformou a paisagem costeira num cenário quase surreal.
Não eram extraterrestres, mas algo igualmente intrigante: toneladas de espuma branca e fofa, como uma gigantesca banheira de bubble bath, cobrindo faixas inteiras de areia. "Parecia neve tropical", comentou um pescador local, esfregando os olhos como se não acreditasse no que via.
O que diabos causou isso?
Segundo especialistas consultados, a espuma marinha é um fenômeno relativamente comum — mas não nessa escala absurda. Tudo começa com:
- Matéria orgânica em decomposição (algas, plâncton e afins) agitada pelas ondas
- Ventos fortes persistentes daqueles que deixam cabelos em pé
- Alguma magia química envolvendo proteínas e lipídios
"Quando esses ingredientes se misturam na proporção certa, é como sacudir uma garrafa de refrigerante", explica o oceanógrafo Marcelo Souto, antes de fazer a ressalva: "Só que em vez de Coca-Cola, você tem o oceano Atlântico fazendo milkshake".
Turistas em êxtase, ambientalistas em alerta
Enquanto crianças (e adultos que fingem ser crianças) se jogavam na espuma como se fosse neve artificial, cientistas faziam cara de preocupação. "É bonito, sim, mas pode indicar excesso de matéria orgânica na água", alerta a bióloga marinha Renata Vasconcelos.
E não é só isso:
- A espuma pode esconder objetos perigosos
- Pode causar irritação na pele em pessoas sensíveis
- Em quantidades absurdas como essa, até dificulta a respiração
Mas vá dizer isso para o pessoal que estava fazendo "anjos" na espuma e postando no Instagram. "Melhor que neve! E ainda vem com cheiro de mar", brincou uma turista carioca, completamente encharcada de bolhas.
E agora, José?
A boa notícia é que, segundo os especialistas, a espuma deve desaparecer tão rápido quanto chegou — especialmente se o vento mudar de direção. A má notícia? Bem, se o fenômeno se repetir com frequência, pode ser sinal de que algo não vai bem no ecossistema marinho.
Enquanto isso, Saquarema ganhou — mesmo que por poucas horas — uma atração turística totalmente inesperada. Quem viu, viu. Quem não viu... bem, sempre resta a esperança de que o mar resolva repetir o espetáculo.