Uma mancha escura que surgiu no mar da praia de Ponta Negra, em Natal, nesta quinta-feira (20), chamou a atenção de banhistas e moradores. O fenômeno, que também apareceu em outras praias da Região Metropolitana, foi identificado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como uma floração de cianobactérias do gênero trichodesmium.
O que são as cianobactérias?
De acordo com a pesquisadora Renata Panosso, professora do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN, trata-se de um fenômeno natural que já foi registrado em anos anteriores. "As florações são fenômenos naturais e acontecem, tem registro já de outros eventos como esse em anos anteriores", explicou a especialista.
Os pesquisadores coletaram material na Via Costeira, onde também foram observadas manchas, e realizaram análises em microscópios para identificar a composição do material. "É parecida com bactéria, mas tem características de microalgas também. Então são pequenos organismos microscópicos que nós só conseguimos observar as células no microscópio", detalhou Renata Panosso.
Riscos para banhistas
A pesquisadora alertou que essas cianobactérias podem provocar sintomas leves como coceira e irritação na pele e olhos, especialmente em casos de exposição prolongada. "Ela pode provocar coceira, irritação na pele, irritação nos olhos dos banhistas, especialmente na exposição prolongada, quando a pessoa fica muito tempo exposta, mergulhando, nadando, nessa massa de cianobactérias", explicou.
Renata Panosso ressaltou que a ciência aponta que essa cianobactéria é potencialmente tóxica, embora não se possa afirmar com certeza sobre as que apareceram em Natal. "É bom evitar onde tem as manchas. Esses registros relatam pessoas que passam mal, são episódios que não são duradouros, não existem sequelas em relação a isso. É bom evitar porque não sabemos se é de fato tóxica ou não", completou.
Monitoramento necessário
A especialista destacou a importância de manter o monitoramento da situação diante das mudanças climáticas. "Nós temos que tomar cuidado porque com o aquecimento global, o aumento da temperatura da água, o aumento da poluição e outros fatores nós podemos ter um aumento da ocorrência das florações. Elas podem se tornar mais frequentes, mais intensas, ocupando extensões maiores", alertou.
"Essa é nossa preocupação. É necessário que tenha o monitoramento, que a gente faça o monitoramento para ter registro e entender se esse fenômeno está se intensificando ou não, se é passageiro, quanto tempo vai demorar. São perguntas ainda a serem respondidas", finalizou a pesquisadora da UFRN.