Limpeza com máquinas na Lagoa do Iriry gera polêmica e alerta ambientalistas — veja os riscos
Limpeza com máquinas na Lagoa do Iriry gera polêmica ambiental

Parece mais um daqueles casos em que a solução vira problema. Na Lagoa do Iriry, no interior fluminense, o que era pra ser uma ação de zelo virou motivo de discórdia — e não é pouca. Máquinas pesadas invadiram o local pra uma suposta limpeza, mas o barulho que fizeram foi muito além do motor: ecoou nos ouvidos de quem entende do riscado.

"É como usar um trator pra tirar pó de um cristal", dispara um biólogo que prefere não se identificar — e não é pra menos. O método, digamos, "agressivo" de limpeza levantou a pulga atrás da orelha de ambientalistas. A lama revolvida, os ninhos destruídos, os peixes assustados... Tudo isso num ecossistema que já anda no fio da navalha.

Dois lados da moeda (e nenhum quer ser coroa)

Enquanto isso, a prefeitura bate o pé: "Precisamos desassorear!" — argumentam. De fato, o acúmulo de sedimentos é real, mas será que a solução tem que ser tão... bruta? Os tratores chegaram sem aviso prévio, sem estudos detalhados, sem aquela conversa básica com quem manja do assunto. "Foi tipo um atropelo ecológico", brinca (sem graça) uma moradora da região.

  • O que as máquinas fizeram: Removeram toneladas de sedimentos, mas também viraram o habitat de cabeça pra baixo
  • O que dizem os especialistas: "Ecossistemas aquáticos não são terrenos baldios" — e a recuperação pode levar décadas
  • O que mostra a história: Em 2019, uma ação parecida em Minas Gerais exterminou colônias inteiras de peixes

E agora? A lagoa tá lá, meio atordoada, entre a sujeira que saiu e o estrago que ficou. Os ambientalistas já entraram com pedido de fiscalização, mas no meio disso tudo, quem paga o pato são justamente os bichos que nem sabem o que é um trator.

O pulso ainda tá firme?

O pior — se é que dá pra piorar — é que a Lagoa do Iriry não é qualquer uma. Ela é tipo um "CPF verde" da região: abriga espécies únicas, filtra a água que a gente bebe, mantém o microclima estável. Mexer ali sem rede é como fazer cirurgia com facão. "Tem jeito certo, mas não foi esse que escolheram", lamenta uma pesquisadora da UFRJ.

Enquanto o MPF avalia o caso, o povo fica naquele vai-não-vai: querem a lagoa limpa, mas não desse jeito. No fim, a lição que fica é velha conhecida: quando a pressa é inimiga da perfeição, sobra pro meio ambiente — e pra nossa consciência.