
Parece que a natureza conseguiu respirar aliviada em Minas Gerais. A Justiça Federal, num daqueles golpes de caneta que valem mais que ouro, simplesmente travou qualquer tentativa de mineração na área de preservação ambiental da Serra do Caraça. E olha que não foi pouco: a decisão abrange nada menos que 1.500 hectares de mata atlântica e cerrado.
O caso é daqueles que fazem a gente pensar. A empresa por trás do projeto, a Sul Americana de Metais, queria explorar a região para extração de minério de ferro. Mas aí é que está o pulo do gato — a área fica bem no coração do Caraça, conhecido por suas belezas naturais e, claro, pela famosa igreja e pelo seminário.
O que a Justiça decidiu exatamente?
O juiz federal Leonardo de Andrade Rocha, da 4ª Vara Federal em Belo Horizonte, foi categórico. Ele suspendeu todos os efeitos do Processo Administrativo nº 48500.003527/2024-70, que basicamente abria as portas para a mineração. A liminar foi concedida numa ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que argumentou — com toda a razão — que a autorização desconsiderava completamente os riscos ambientais.
E não é para menos. A Serra do Caraça é um santuário ecológico. Abriga espécies ameaçadas de extinção, nascentes de rios importantes e formações rochosas únicas. Permitir a mineração ali seria como colocar uma fábrica no meio de um museu a céu aberto.
Os argumentos que pesaram na balança
- Impacto ambiental irreversível: A atividade minerária traria danos permanentes ao ecossistema local
- Falta de estudos adequados: O licenciamento ambiental foi considerado insuficiente pelas autoridades
- Violacao da legislação: A área é protegida por leis federais e estaduais de preservação
- Risco hídrico: A mineração poderia comprometer as fontes de água da região
O juiz deixou claro que o "interesse econômico não pode se sobrepor à proteção ambiental". E completou: "Há fortes indícios de que a atividade minerária traria danos irreparáveis ao meio ambiente".
E agora, o que esperar?
A decisão é liminar, ou seja, provisória. Mas a sensação entre ambientalistas é de que se trata de uma vitória significativa. A empresa ainda pode recorrer, claro. Porém, o sinal que a Justiça está dando é bastante claro: algumas áreas simplesmente não estão à venda.
Moradores da região comemoram. Muitos dependem do turismo ecológico que a Serra do Caraça atrai. "Aqui a natureza é nosso maior tesouro", comentou um comerciante local, que preferiu não se identificar. "Mineração traz emprego, sim, mas a que custo?"
O caso da Serra do Caraça acende um debate importante para Minas Gerais — estado que, historicamente, vive da mineração. Até onde podemos ir em nome do desenvolvimento? Quando é hora de dizer "chega"? A Justiça deu sua resposta, pelo menos neste capítulo.
Enquanto isso, os lobos-guará, as jaguatiricas e as centenas de espécies que chamam a Serra do Caraça de casa seguem sua vida, alheios ao embate judicial que poderia ter mudado seu habitat para sempre. E isso, convenhamos, é uma bela notícia para começar a semana.