O cenário no Acre é de terra rachada, rios minguando e um sol que não dá trégua. Parece até filme de ficção científica, mas é a realidade que os acreanos estão enfrentando nesta que já é considerada a pior estiagem da última década.
Nesta segunda-feira (18), o governo federal — depois de muita pressão local — finalmente acionou o botão de emergência. "A situação é crítica, sem rodeios", admitiu um técnico do Ministério do Desenvolvimento Regional que preferiu não se identificar. "Temos comunidades inteiras dependendo de caminhões-pipa como se fossem ouro líquido."
O que isso significa na prática?
Com o decreto, abre-se um caminho mais rápido para:
- Liberação de verbas emergenciais
- Envio de equipamentos e pessoal técnico
- Distribuição de água potável em áreas críticas
- Suporte a agricultores familiares em colapso
Mas tem um porém — e não é pequeno. Enquanto a burocracia se mexe, dona Maria, 62 anos, moradora da zona rural de Rio Branco, conta que já perdeu três roçados seguidos. "Até os bichos do mato estão sumindo", diz, enquanto mostra o poço quase seco onde tira água para beber. "Isso aqui era cheio até o mês passado."
Além da secura óbvia
O problema vai muito além da falta d'água. Médicos relatam aumento de 40% nos casos de doenças respiratórias — a poeira constante virou um tormento. Nas escolas, crianças são dispensadas mais cedo quando o calor passa dos 40°C. E o preço dos alimentos? Nem se fala — um cacho de banana que custava R$5 agora chega a R$15.
"Tem gente achando que é exagero", comenta o biólogo Carlos Mendes, enquanto analisa o nível do Rio Acre — 3,5 metros abaixo do normal para a época. "Mas quando o maior rio do estado vira uma poça, é sinal vermelho."
Enquanto isso, os políticos... Bem, esses prometem soluções rápidas (como sempre). Só que os ribeirinhos, acostumados aos ciclos da natureza, sabem: quando a terra está assim, sedenta, nem milagre resolve rápido. O jeito é esperar — e torcer para as chuvas de setembro chegarem com força total.
