
Parece coisa de filme de ficção científica, mas é a nossa realidade: enquanto o mundo discute carros elétricos e energia solar, uma ameaça climática colossal passa despercebida nos orçamentos de defesa. E o pior? Ela está crescendo a olhos vistos.
Um estudo recente do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI) trouxe números que dão calafrios. Só em 2024, os países jogaram na mesa impressionantes US$ 2,53 trilhões para gastos militares. Isso mesmo, trilhões com T. Um recorde histórico que, na prática, significa muito mais do que apenas tanques e aviões.
O elefante na sala climática
Você já parou para pensar na pegada de carbono de um tanque de guerra? Ou de um caça bombardeiro? Pois é. As forças armadas mundiais são, disparado, uma das maiores poluidoras do planeta. E o que assusta é que ninguém está prestando contas direito.
"É uma contradição brutal", analisa um especialista que preferiu não se identificar. "Enquanto fechamos usinas de carvão, o setor militar continua queimando combustíveis fósseis como se não houvesse amanhã. Literalmente."
Os números que não mentem
- As forças armadas dos EUA sozinhas emitem mais gases de efeito estufa que países inteiros como Portugal ou Suécia
- Um único caça F-35 queima cerca de 5.600 litros de combustível por hora de voo
- Os militares são responsáveis por até 5% das emissões globais - e isso é uma estimativa conservadora
E tem mais: os conflitos armados em si são máquinas de destruição ambiental. As guerras na Ucrânia e Gaza, para citar exemplos recentes, liberaram quantidades absurdas de CO2 através de explosões, incêndios e destruição de infraestrutura.
O buraco na contabilidade
Aqui vem a parte mais absurda dessa história. Por uma questão de "segurança nacional", muitos países nem sequer reportam suas emissões militares nos acordos climáticos. É como se essa poluição toda simplesmente não existisse no papel.
Pensa comigo: como podemos combater uma crise quando ignoramos uma das suas principais fontes? É como tentar enxugar um chão inundado sem fechar a torneira.
Os especialistas são unânimes em dizer que precisamos urgentemente de transparência nessa área. Sem saber a dimensão real do problema, fica impossível criar soluções eficazes.
E o Brasil nessa história?
Nosso país aparece como uma espécie de paradoxo interessante no relatório. Enquanto o mundo aumentou gastos militares, o Brasil reduziu os seus em 3,3%. Mas calma, não é motivo para comemorar ainda.
A verdade é que ainda sabemos muito pouco sobre o impacto ambiental das nossas próprias forças armadas. E num momento de tensões geopolíticas crescentes, a pressão para aumentar esses gastos pode voltar a qualquer momento.
Um caminho possível?
Algumas vozes começam a sugerir soluções criativas. Que tal investir em tecnologias verdes para o setor militar? Desenvolver combustíveis sustentáveis para aviões e navios? Ou criar protocolos ambientais para operações militares?
"É preciso repensar toda a lógica da segurança nacional", defende uma pesquisadora do campo. "No longo prazo, nenhum país estará seguro num planeta em colapso climático. A verdadeira segurança passa pela sustentabilidade."
O fato é que não temos mais tempo para ignorar essa contradição. Enquanto discutimos sacolas plásticas e canudos de papel, os orçamentos militares continuam alimentando a crise que ameaça a todos nós.
No fim das contas, talvez a maior ameaça à nossa segurança não venha de outros países, mas da nossa incapacidade de enxergar as conexões entre as crises que enfrentamos. E isso, meus amigos, é algo que dinheiro nenhum pode comprar.