
Parece que os catarinenses estão trocando verde por pinus — e num ritmo alarmante. Um estudo recente jogou luz sobre uma realidade que passa batida: só nos últimos anos, uma área equivalente a quase toda Florianópolis foi desmatada em Santa Catarina para dar lugar a plantações da árvore exótica. Não é brincadeira.
Os números são de cortar o coração: mais de 400 km² de vegetação nativa simplesmente sumiram do mapa. Isso dá uns 40 mil campos de futebol — pra você ter ideia da encrenca. E olha que nem estamos falando de décadas, mas de um período relativamente curto.
O avanço silencioso
Enquanto todo mundo discute Amazônia (com razão, claro), o sul vai sofrendo na surdina. O pinus, essa espécie que veio de fora e se adaptou tão bem por aqui, está dominando território como se fosse um invasor medieval. E o pior? Muita gente nem percebe.
"É como assistir uma cidade sendo engolida sem fazer barulho", comenta um biólogo local que prefere não se identificar. Ele teme represálias — afinal, estamos falando de um negócio que movimenta milhões.
Consequências que não aparecem no balanço
Pra quem acha que é só trocar uma árvore por outra, vai aqui um spoiler: não é bem assim. Esses monocultivos:
- Sugam água como ninguém — e olha que seca já é problema na região
- Empobrecem o solo num piscar de olhos
- Botam em risco espécies que só existem ali, naquele cantinho do mundo
E tem mais: sem a vegetação original, as nascentes ficam desprotegidas. Resultado? Menos água limpa pra todo mundo. Ironia cruel: justo no estado que se orgulha de suas belezas naturais.
Entre a cruz e o cheque
Aqui vem o dilema: de um lado, empregos e dinheiro entrando nos cofres. Do outro, um passivo ambiental que as próximas gerações vão ter que bancar. "É complicado", suspira uma moradora da região serrana, "meu marido trabalha numa dessas empresas, mas a gente vê os rios secando".
Enquanto isso, os especialistas batem na tecla: é possível produzir sem destruir tanto. Tecnologias sustentáveis existem, mas parecem avançar em câmera lenta perto da ganância por lucro rápido.
Uma coisa é certa: se o ritmo continuar assim, em breve o cartão-postal catarinense pode ter que ser redesenhado — com menos mata atlântica e mais desertos verdes de pinus. E aí, será que vai valer a pena?