As negociações da COP30 em Belém chegam ao seu último dia nesta sexta-feira (21 de novembro de 2025) com expectativas crescentes sobre a implementação prática dos compromissos climáticos assumidos durante a conferência. O evento, que carrega o lema de "COP da verdade", pressiona por ações imediatas e efetivas no combate ao aquecimento global.
Oceanos em risco: alerta de especialista
Em entrevista exclusiva ao Record News Rural, Alexander Turra, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP, destacou a situação crítica dos oceanos. Assim como as florestas, os mares são fundamentais para o sequestro de carbono, processo que remove partículas de gás carbônico da atmosfera e reduz o efeito estufa.
Turra fez uma analogia impactante com a pandemia: "No oceano é a mesma coisa, ele vai perdendo a saúde e quando chegam as mudanças do clima, ele acaba tendo uma dificuldade maior de lidar com elas". O pesquisador alerta que fatores como o descarte incorreto de lixo funcionam como "comorbidades" que aumentam o risco de colapso ambiental.
Economia azul: investimento com retorno garantido
Um dos conceitos centrais destacados na COP30 é o da economia azul, que representa uma mudança de paradigma significativa. "É o nome que a gente dá para essas atividades econômicas que podem ser feitas no oceano, pautadas pelo desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação", explicou Turra.
Segundo o especialista, esta abordagem mostra que investir na preservação do planeta não é um custo, mas sim um investimento com retornos concretos. "Esse movimento é essencial para que a gente consiga não só combater as mudanças do clima, mas conseguir fazer negócios, gerar empregos, compartilhar prosperidade com as pessoas".
Agronegócio na linha de frente climática
O papel do agronegócio brasileiro nas discussões climáticas recebeu destaque especial na análise do professor. Turra enfatizou que o setor agropecuário deve ser um dos principais apoiadores das agendas climáticas, considerando sua vulnerabilidade às mudanças ambientais e seu impacto na economia nacional.
"O agro no Brasil talvez seja um dos principais setores que tem que apoiar essas agendas climáticas do ponto de vista político, do ponto de vista econômico e do ponto de vista estratégico", afirmou o pesquisador. Ele destacou a necessidade de ações imediatas e apoio às instituições fiscalizadoras como Ibama e Polícia Federal.
O especialista concluiu com um alerta sobre a interdependência dos setores: "Todos os setores estão interligados e as ações de um interferem em um efeito em cadeia, como ações do agro que podem interferir nos rios e oceanos". A COP30 encerra com a expectativa de que os compromissos assumidos se transformem em ações concretas para enfrentar a crise climática global.