Na COP30, um grupo crescente de nações intensificou o apelo pela criação de um mapa do caminho para o abandono gradual dos combustíveis fósseis. A iniciativa, lançada pelo Brasil durante a Cúpula do Clima, ganhou apoio significativo de potências europeias e países em desenvolvimento.
Aliança global por transição justa
Durante painel realizado no Pavilhão Brasil, representantes da Alemanha, Reino Unido, Colômbia e Quênia defenderam a implementação de um mecanismo voluntário para guiar a transição energética mundial. A proposta busca dar concretude ao compromisso assumido na COP28 de Dubai, onde quase 200 países concordaram com a transição para longe dos fósseis, mas sem estabelecer prazos claros.
Carsten Schneider, ministro do Meio Ambiente da Alemanha, afirmou ser essencial incluir essa proposta no texto final da conferência. "Precisamos aprender uns com os outros e conduzir a transição de forma cooperativa", declarou o representante alemão.
O governo brasileiro destacou que o presidente Lula já havia mencionado a necessidade de mapas do caminho para reduzir a dependência de petróleo, gás e carvão em seus discursos na cúpula climática.
Desafios e resistências
Autoridades do Quênia, país ainda fortemente dependente de combustíveis fósseis, reforçaram a necessidade de que a transição seja socialmente justa, garantindo acesso à energia para populações vulneráveis. Já o Reino Unido enfatizou o caráter global da coalizão, reunindo nações do Norte e Sul global.
Entretanto, organizações da sociedade civil alertam que o rascunho inicial da proposta da presidência da COP é fraco. Segundo a Oil Change International, limitar a proposta a workshops ou reuniões ministeriais é insuficiente para garantir avanços concretos.
Além disso, mais de 250 cientistas de 27 países assinaram carta dirigida ao presidente Lula pedindo que a COP30 avance de fato na agenda de eliminação dos fósseis.
Contexto de urgência
Especialistas apontam que a pressão por uma rota concreta de abandono dos fósseis nunca esteve tão forte. Relatórios recentes alimentam a urgência: segundo o jornal Le Monde, grandes nações produtoras planejam aumentar sua produção de combustíveis fósseis até 2030, muito além do que seria compatível com as metas do Acordo de Paris.
A presença de cerca de 1.600 representantes da indústria de petróleo e gás na COP30, conforme reportagem do Financial Times, evidencia a significativa resistência que ainda existe em relação ao abandono dos combustíveis fósseis.
Outras iniciativas em paralelo
Enquanto as discussões sobre fósseis avançam, líderes da COP30 também destacaram ações sobre gases de efeito estufa não-CO₂. Em cúpula organizada por Brasil, Reino Unido e China, foi lançada uma iniciativa para reduzir emissões de metano, incluindo a criação de unidades nacionais para poluentes fortes e a mobilização de um fundo de US$ 150 milhões.
O resultado das negociações sobre o roadmap dos fósseis pode ser decisivo para determinar se a COP30 será lembrada como um momento de virada significativo na luta contra as mudanças climáticas. As decisões finais devem constar no documento oficial, cujo teor é aguardado com tensão por governos, ativistas e cientistas de todo o mundo.