COP30: Cientistas criticam plano contra combustíveis fósseis
Cientistas criticam plano da COP30 sobre combustíveis

Na Conferência do Clima da ONU (COP30), realizada em Belém, um grupo de sete dos mais respeitados cientistas climáticos do mundo publicou uma carta dura criticando o plano dos negociadores para combater os combustíveis fósseis. O documento foi entregue diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retornou a Belém na quarta-feira (19) para discutir os impasses nas negociações.

Críticas ao Mapa do Caminho

Os especialistas avaliaram que as propostas de roteiros para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e para o fim do desmatamento são uma provocação e demonstraram preocupação com o ritmo lento das discussões. Eles defenderam que o mundo precisa acelerar significativamente as negociações para enfrentar a crise climática.

Em declaração contundente, os cientistas afirmaram que os delegados parecem não entender o que é um roteiro eficaz. O chamado "Mapa do Caminho" deveria estabelecer prazos e metas claras para que cada país faça a transição para uma economia limpa, mas as propostas atuais estão longe do necessário.

Alertas sobre impactos climáticos

Thelma Krug, presidente do Conselho Científico da COP30, foi enfática ao descrever a situação atual: "A gente já está sentindo no mundo inteiro os efeitos desse aquecimento, quer seja em eventos extremos mais frequentes e mais intensos, como a seca que tivemos na Amazônia, os incêndios florestais por conta das ondas de calor e o tempo muito seco".

Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, complementou: "Temos que acelerar demais a redução das emissões. Hoje, 75% das emissões vêm da queima de combustíveis fósseis. É preciso também zerar totalmente os desmatamentos, que vão proteger a biodiversidade. É essencial proteger a biodiversidade de todo o planeta".

Resistências e apoios internacionais

A proposta de avançar na discussão sobre como abandonar uma economia movida a petróleo e carvão foi um dos assuntos mais debatidos na quarta-feira (19). A iniciativa já conta com o apoio de mais de 80 países, mas enfrenta forte resistência, principalmente das nações produtoras de petróleo.

O ministro do Meio Ambiente da Alemanha participou de reunião com o governo brasileiro e manifestou apoio à ideia de um roteiro para transformar a economia mais poluente. Enquanto isso, o líder dos negociadores africanos destacou a falta de consenso em outros temas cruciais, como a adaptação aos fenômenos extremos, e exigiu garantias de que o financiamento para os países do continente seja triplicado.

Os cientistas foram categóricos em sua carta ao afirmar que não pode haver nenhum novo investimento em combustíveis fósseis. O presidente Lula discutiu os impasses com ministros e diplomatas de países árabes, latino-americanos, africanos e da União Europeia, buscando construir pontes para um acordo mais ambicioso.