
O Brasil tem uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo — isso todo mundo sabe. Mas de que adianta ter leis se elas não saem do papel? A pergunta, incômoda, ecoa entre especialistas que acompanham de perto a devastação das florestas brasileiras.
"Temos ótimas leis, mas falta fiscalização, falta estrutura, falta vontade política", dispara um ambientalista que prefere não se identificar — afinal, criticar o sistema pode ser arriscado. E ele tem razão: só em 2024, o desmatamento na Amazônia aumentou 15%, segundo dados oficiais. Números que doem.
O que está errado?
Primeiro, vamos ao óbvio: não adianta multar depois que a mata já caiu. "É como fechar a porteira depois que o boi fugiu", brinca — sem graça — uma pesquisadora do INPE. O problema é sistêmico:
- Fiscalização insuficiente (sabe aqueles 3 fiscais para cuidar de uma área do tamanho da França?)
- Orçamento que some como fumaça na época de seca
- Conflitos de terra que viram pólvora para grileiros
E olha que nem falamos ainda da burocracia que emperra tudo. "Às vezes demora mais para aprovar um projeto de reflorestamento do que para derrubar 100 hectares", comenta um servidor público que pede anonimato.
Alternativas existem
Enquanto isso, no mundo real, algumas iniciativas mostram que é possível fazer diferente:
- Pagamento por serviços ambientais — porque ninguém preserva de estômago vazio
- Tecnologia de monitoramento em tempo real (satélites não mentem)
- Parcerias com comunidades locais — quem conhece a floresta melhor do que quem vive nela?
"Precisamos parar de tratar a floresta como inimiga do desenvolvimento", defende uma economista especializada em bioeconomia. Ela tem números para provar: áreas manejadas sustentavelmente geram 3 vezes mais empregos que pastagens.
No fim das contas, a questão é simples — mas não fácil. Como diz um velho ditado ribeirinho: "Árvore em pé dá mais trabalho, mas dá mais frutos". Só falta convencer os políticos disso.