A Alemanha confirmou nesta quarta-feira (19) um investimento de €1 bilhão no fundo criado pelo Brasil para remunerar países em desenvolvimento pela preservação de suas florestas tropicais. O anúncio eleva para cinco o número de nações patrocinadoras da iniciativa.
Reunião na Cúpula do Clima
O primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, havia se reunido com o presidente Lula em Belém no início deste mês, durante a Cúpula do Clima que antecedeu a COP30. Na ocasião, Merz frustrou expectativas ao não anunciar valores concretos para o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre), limitando-se a prometer um montante "substancial".
O governo brasileiro estabeleceu como objetivo captar US$ 25 bilhões de países doadores e mais US$ 100 bilhões de investidores privados. Os recursos são aplicados em rendimentos que beneficiam tanto os investidores quanto os países que mantêm suas florestas preservadas.
Compromissos internacionais
Durante a cúpula climática, outros países já haviam anunciado suas contribuições:
- Noruega: US$ 3 bilhões
- França: €500 milhões
- Brasil e Indonésia: US$ 1 bilhão cada
O anúncio alemão ocorre em um contexto de tensão diplomática. Dois dias antes, havia viralizado um discurso de Merz na Alemanha com tom depreciativo sobre Belém, que foi rebatido por Lula e outras autoridades brasileiras, gerando forte reação nas redes sociais.
Pressão de entidades ambientais
A Alemanha vinha sendo pressionada por organizações ambientais a definir seu aporte. Um grupo de 12 entidades, incluindo Global Citizen, Germanwatch e WWF, enviou uma carta a Merz pedindo que o país anunciasse durante a COP30 uma contribuição de pelo menos US$ 2,5 bilhões.
No documento, as organizações destacaram que o TFFF representa "um novo capítulo no financiamento sustentável" por combinar recursos públicos e privados em projetos de conservação de longo prazo. Elas argumentaram que uma contribuição expressiva de Berlim seria decisiva para manter o impulso em torno do fundo e garantir à Alemanha influência sobre seu desenho final através de um assento no conselho.
As entidades defendiam que o anúncio durante a conferência ajudaria a preservar recursos já prometidos por Noruega e França, além de forçar novos compromissos de outras nações. "Com uma contribuição própria concreta e ambiciosa, a Alemanha poderá aumentar a pressão sobre China, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido para que também contribuam com o TFFF", afirmaram os signatários.
O episódio das declarações de Merz sobre Belém gerou forte reação de opositores e ambientalistas na Alemanha, que apontaram desrespeito ao Brasil e falhas na política externa e climática do país, ampliando a pressão sobre o primeiro-ministro após sua visita à COP30.