Rio Grande do Norte Respira Aliviado: Águas do Velho Chico Chegam à Barragem de Oiticica em Obra Estratégica
Águas do São Francisco chegam à Barragem de Oiticica no RN

Quem diria, hein? Depois de tantos anos vendo o céu implorar por uma gota d'água, o sertão do Rio Grande do Norte finalmente tem um motivo de sobra para comemorar. Não foi uma chuva milagrosa, mas sim a concretização de uma promessa antiga: as águas do Velho Chico, carregadas de esperança, começaram a correr pelos canais e chegaram, de fato, à Barragem de Oiticica.

Parece até coisa de cinema, mas é a pura realidade. A informação, confirmada pela própria Agência Nacional de Águas (ANA), não é apenas um dado técnico. É a materialização de um sonho para milhares de potiguares que já perderam a conta de quantas vezes olharam para os céus em busca de um alívio que nunca vinha.

O Caminho das Águas: Uma Jornada de Espera e Expectativa

A transposição não é de hoje, claro. O projeto grandioso já vinha abastecendo outros estados, mas a ansiedade aqui no RN era palpável. A gente ficava naquela: "e a nossa vez, quando chega?". A barragem, localizada em Jucurutu, estava lá, pronta e vazia, esperando seu propósito ser cumprido.

E olha, a operação para trazer essa água toda não foi nada simples. A ANA e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) tiveram que fazer uma verdadeira engenharia de precisão. Eles começaram a liberar água da Barragem de Boa Esperança, no Piauí, no último dia 8 de agosto. De lá, ela percorreu um caminho longo e sinuoso pelo leito do Rio Parnaíba, entrou no Rio Piancó, na Paraíba, e seguiu até finalmente encontrar o Rio Paraíba, que deságua no São Francisco.

Foi uma viagem e tanto. Cálculos complexos, ajustes finos... tudo para garantir que o precioso líquido não se perdesse pelo caminho e cumprisse sua missão. Uma logística que, convenhamos, é de tirar o chapéu.

Mais do que Água: O Que Isso Representa para o Sertão?

Ah, isso vai muito além de apenas encher uma represa, viu? É simbólico. A Barragem de Oiticica tem uma capacidade absurda, algo em torno de 566 milhões de metros cúbicos. Imagina só o que isso significa para abastecer cidades que viviam no fio da navalha, com carros-pipa sendo a única salvação por meses a fio.

E não para por aí. A agricultura, que muitas vezes parecia uma aposta ingrata contra a estiagem, ganha um novo fôlego. A pecuária também. É desenvolvimento econômico de verdade, saindo literalmente das torneiras e dos irrigadores. É a chance de plantar não só alimento, mas também futuro.

O governador Fátima Bezerra não escondeu a satisfação. Ela classificou o fato como um "marco histórico", e ela tem toda a razão. É a coroação de um esforço coletivo, de muita pressão política e trabalho duro de engenheiros e técnicos que não mediram esforços.

E Agora, o Que Esperar?

Calma, que ainda não é hora de dar um mergulho. O processo de enchimento é lento, metódico. A previsão é que demore uns bons meses até que a barragem atinja seu nível ideal. Mas o importante é que o fluxo começou. A torneira foi aberta.

É um novo capítulo que se inicia para o Rio Grande do Norte. Um capítulo onde a palavra "seca" pode, quem sabe, começar a ser riscada do vocabulário das gerações mais novas. Uma vitória da persistência contra a adversidade. A água chegou. E com ela, chega a certeza de que, às vezes, a esperança é o melhor combustível para seguir em frente.