Pressão internacional por acordo climático mais ambicioso
Um grupo de mais de trinta países enviou uma carta à presidência brasileira da COP30 nesta quinta-feira, dia 20 de novembro de 2025, exigindo mudanças significativas no projeto de acordo final da conferência climática. As nações signatárias, incluindo Colômbia, França, Reino Unido e Alemanha, manifestaram profunda preocupação com a proposta atual e pedem a inclusão de um roteiro claro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
Divisão entre países ameaça consenso
O diplomata André Correa do Lago, responsável pela condução da conferência que termina hoje em Belém, trabalha sob forte pressão de quase duzentas delegações. O rascunho mais recente do texto, consultado pela agência France Presse, não menciona combustíveis fósseis, o que gerou insatisfação entre vários países.
Na carta, os países afirmam que o documento, da forma como está, não atende às condições mínimas para um resultado considerado confiável. França e Bélgica confirmaram publicamente que assinaram o pedido, reforçando que não apoiarão um acordo que não apresente um caminho claro para uma transição justa, organizada e equilibrada que leve ao fim do uso de petróleo, carvão e gás.
Debate ganha força apesar de resistências
O debate sobre o abandono dessas fontes de energia voltou a ganhar força em Belém, apesar de ter sido tratado como improvável desde que surgiu pela primeira vez na COP28 em Dubai. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de um roteiro já na abertura da COP30.
No entanto, a proposta divide profundamente os quase duzentos países presentes. Segundo um negociador ouvido pela AFP, China, Índia, Arábia Saudita, Nigéria e Rússia rejeitaram a inclusão do roteiro de eliminação dos combustíveis fósseis no acordo final.
Críticas científicas às propostas atuais
As sugestões apresentadas pela presidência da COP30 também foram criticadas por um grupo de cientistas, que considerou as alternativas pouco sérias. Eles afirmam que opções como a realização de um workshop para troca de experiências ou uma reunião ministerial de alto nível não constituem um plano de ação real.
O cientista Johan Rockström, diretor do Instituto Postdam de Pesquisa sobre Impacto Climático e conselheiro da presidência da conferência, reforçou a urgência de um plano robusto. Ele afirmou que as emissões globais precisam começar a cair cinco por cento ao ano a partir de agora, enquanto atualmente continuam crescendo um por cento.
Rockström destacou que até mesmo as propostas consideradas mais ambiciosas na COP30 reduzem as emissões no ritmo de cinco por cento ao longo de dez anos, o que considera dez vezes mais lento do que o necessário para evitar riscos graves para bilhões de pessoas.
Financiamento como elemento crucial
Os cientistas defendem que a adoção de um roteiro consistente é o mínimo indispensável e afirmam que qualquer plano precisa incluir financiamento adequado para que países emergentes e em desenvolvimento possam abandonar o carvão sem comprometer sua estabilidade econômica.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se manifestou durante coletiva de imprensa em Belém, defendendo o afastamento dos combustíveis fósseis e uma nova coalizão para energia verde. "Não haverá solução sem uma transição justa para longe dos combustíveis fósseis", avaliou durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.