
E então, eis que o tribunal dá mais uma volta no parafuso de um dos casos mais nefastos da última década. O juiz Loretta Preska, uma figura que já viu de tudo por aqueles corredores de mármore, negou de forma categórica o pedido para liberar as transcrições integrais das alegações finais no processo de Ghislaine Maxwell.
Não foi uma negativa qualquer. Foi um não com peso de chumbo, fundamentado na tal da 'Regra 49.1' do tribunal. Parece coisa de filme de espionagem, mas é a lei. Essa regra existe basicamente para uma coisa: proteger informações sensíveis que, se vazassem, poderiam causar um estrago danado — seja expondo vítimas, delatores ou detalhes íntimos que não têm nada a ver com o cerne da questão pública.
O pedido partiu de um consórcio midiático pesado — a Associated Press, The Wall Street Journal, a CNN e outros — que argumentava, com certa razão, que o público tem direito de saber. Transparência e tudo mais. Mas a juíza, ah, a juíza foi firme. Ela rebateu que a mídia, na verdade, não conseguiu demonstrar um interesse público suficiente e urgente que justificasse passar por cima dessa proteção. O direito do público esbarraria, aqui, no direito à privacidade de terceiros.
E não para por aí. A defesa de Maxwell — sim, ela ainda está lá, tentando coisas — também entrou na jogada. Queria que a identidade de uma porção de indivíduos mencionados nas transcrições, a famosa 'Jane e John Doe #1 até #170', fosse mantida no anonimato. A juíza, mais uma vez, analisou pedaço por pedaço. Em alguns, concordou. Em outros, nem tanto. Um verdadeiro quebra-cabeça jurídico onde cada peça é a reputação — ou o sossego — de uma pessoa.
O que isso tudo significa no frigir dos ovos? Significa que o manto de segredo sobre os detalhes mais sórdidos desse caso permanece firmemente no lugar. Para as vítimas, é uma proteção duvidosa — será que as protege ou apenas abafa o escândalo? Para o público, é mais um capítulo de uma história contada pela metade. E para a justiça… bem, a justiça segue seu curso lento, meticuloso e, muitas vezes, exasperantemente opaco.
O caso Epstein, como um polvo, tem tentáculos que alcançam os cantos mais poderosos do mundo. E cada decisão como essa, que mantém arquivos trancados a sete chaves, só alimenta a sensação de que há muito, mas muito mais coisa acontecendo nos bastidores do que os holofotes conseguem iluminar. Fica a pergunta no ar: até quando?