
A coisa tá feia mesmo no Acre, gente. E quando a paciência acaba, o povo vai pra rua — ou melhor, pra rodovia. Nesta quarta-feira, foi a vez da BR-364, no trecho entre Sena Madureira e Manuel Urbano, virar palco de um protesto que já era esperado há tempos.
Imagine só: você acorda de manhã e não consegue levar seus filhos pra escola. O carro do pão não passa. A ambulância? Nem pensar. Essa é a realidade cruel que cerca de 200 famílias enfrentam diariamente nos ramais do Japiim e São Francisco — e olhe lá, porque a lista de estradas abandonadas pelo poder público só aumenta.
O Desespero Concreto
Não é exagero, não. A situação chegou num ponto tão insustentável que os moradores simplesmente cansaram de esperar. "A gente manda ofício, faz abaixo-assinado, grava vídeo, e nada acontece", desabafa um agricultor que preferiu não se identificar. "Aí quando a gente trava a estrada principal, eles aparecem."
E apareceram mesmo. A Polícia Rodoviária Federal teve que intervir — mas convenhamos, como repreender pessoas que estão lutando pelo básico? O trânsito ficou parado por horas, formando uma fila que parecia não ter fim. Alguns motoristas buzinavam em apoio; outros reclamavam do atraso. A vida segue, mas pra esses moradores, ela praticamente parou.
O Que Dizem as Autoridades?
Ah, sempre tem aquela promessa, né? O Departamento Estadual de Pavimentação e Manutenção Rodoviária (Depam) — nome bonito, mas que anda sumido da realidade — diz que "está ciente" da situação. Ciente? Me poupe. As comunidades estão praticamente ilhadas desde o início do ano, e a única coisa que recebem são promessas vazias.
O pior é que não se trata apenas de conforto. A falta de manutenção nos ramais impede o escoamento da produção agrícola, isola estudantes e coloca vidas em risco diante de qualquer emergência médica. É como se essas pessoas tivessem sido esquecidas pelo resto do estado.
E Agora, José?
O protesto terminou, mas a revolta continua. Os moradores garantem que, se nada for feito em até 15 dias — quinze dias apenas! —, voltam a fechar a rodovia. E dessa vez prometem ser em maior número.
Enquanto isso, nas estradas de terra que mais parecem crateras lunares, a vida segue difícil. Cada chuva piora a situação, transformando os caminhos em verdadeiros atoleiros. O povo do interior acreano merece mais que isso — merece dignidade, respeito e, pelo menos, estradas transitáveis.
Fica a pergunta no ar: quantos protestos serão necessários para que o poder público acorde e faça seu trabalho? O tempo — e a paciência do povo — está se esgotando.