
Imagine sair de casa e encontrar bananeiras crescendo onde deveria haver asfalto? Pois é exatamente isso que aconteceu no bairro Cauamé, em Boa Vista. A cena surreal — digna de um quadro surrealista — foi a forma encontrada pelos moradores para protestar contra o descaso com as vias públicas.
Não foi por falta de aviso. Os buracos monumentais — alguns tão profundos que pareciam pequenos cânions urbanos — já eram velhos conhecidos de todos. A prefeitura recebeu inúmeras reclamações, mas a resposta sempre foi a mesma: silêncio. Até que a paciência simplesmente acabou.
O estopim? Um trecho específico da Rua Jornalista Humberto Silva que mais se assemelhava a um campo de batalha pós-bombardeio do que a uma via de uma capital. "Cansei de ver carros quebrando, motos capotando e idosos quase se machucando", desabafa uma moradora que preferiu não se identificar, com a voz ainda carregada de frustração.
Uma ideia que frutificou
A ação, espontânea e coletiva, aconteceu no domingo (18). Munidos de mudas de bananeira, terra adubada e uma pitada de ironia, os residentes transformaram crateras em canteiros improvisados. A mensagem era clara: se a prefeitura não vem consertar, ao menos a comunidade pode usar os buracos para produzir algo útil.
O resultado foi instantaneamente fotografado e viralizou nas redes sociais. As imagens, que misturam o absurdo com o engraçado, renderam milhares de compartilhamentos e comentários apoiando a criatividade popular. "É o protesto mais pacífico e saboroso que já vi", brincou um usuário no Facebook.
A resposta (ou falta dela)
Procurada, a Prefeitura de Boa Vista emitiu uma nota padrão — daquelas que todo mundo já conhece de cor. Disse que "está ciente da situação" e que "os serviços de tapa-buracos estão sendo realizados de forma gradual conforme o planejamento técnico e a disponibilidade orçamentária".
Leia-se: prometeram, mas não deram prazo. E os moradores, é claro, continuam céticos. Afinal, já ouviram isso antes. Enquanto isso, suas bananeiras protestantes seguem firmes, crescendo como símbolo de uma resistência que, literalmente, deu frutos.
Resta saber se o humor e a criatividade farão o poder público agir mais rápido do que o crescimento das mudas. A aposta dos vizinhos? Não estão otimistas, mas ao menos conseguiram chamar atenção para o problema de um jeito que ninguém vai esquecer tão cedo.