
Parece que a tão esperada nova rodoviária de Salvador vai fazer aniversário antes de ser inaugurada. É isso mesmo que você leu. O governo do estado acabou de confirmar mais um adiamento — e dessa vez a previsão é que as obras só terminem em dezembro.
Quem acompanha essa novela já perdeu as contas de quantas promessas foram feitas e quebradas. A verdade é que os soteropolitanos estão cansados de esperar. A situação atual da rodoviária é, vamos combinar, precária. E olha que estou sendo generoso.
O que está acontecendo?
Segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), o problema agora são ajustes nos sistemas de prevenção contra incêndio e pânico. Parece coisa simples, mas está emperrando tudo. E sabe como é — quando o assunto é segurança, não dá para fazer nas coxas.
Mas cá entre nós, será que é só isso? A obra já consumiu R$ 342 milhões e parece que o dinheiro não para de escorrer. O pior é que os passageiros continuam enfrentando aquela estrutura antiga, que já deu o que tinha que dar faz tempo.
Números que impressionam (e preocupam)
- Investimento total: R$ 342 milhões (e contando)
- Capacidade da nova estrutura: 84 mil passageiros por dia
- Área construída: 95 mil m² — um verdadeiro colosso
- Número de plataformas: 68, contra as 40 atuais
- Estacionamento com 1.200 vagas — alívio para quem busca estacionar
Os números são grandiosos, mas de que adiantam se a coisa não sai do papel? Ou melhor, da obra inacabada.
E os passageiros?
Ah, os passageiros... esses continuam na mesma situação complicada. Quem precisa pegar ônibus intermunicipal sabe do que estou falando. A estrutura atual já não comporta a demanda há anos. É fila, confusão, falta de conforto — o pacote completo de desgosto.
Maria Santos, que viaja toda semana para Feira de Santana, não esconde a frustração: "É sempre a mesma história. Prometem, adiam, prometem de novo. A gente fica nesse vai e vem, enquanto o povo se vira como pode".
E ela tem toda razão. Quando o assunto é obra pública, o brasileiro já criou até anticorpos contra promessas vazias.
O lado (quase) positivo
Se é que existe um lado positivo nessa história toda, é que a nova rodoviária promete ser uma das mais modernas do Nordeste. Vai ter tudo quanto é tipo de comodidade:
- Salas de embarque climatizadas (adeus, calor infernal)
- Lojas e serviços diversos
- Acessibilidade completa — finalmente!
- Sistemas de segurança de última geração
- Área de alimentação decente
Mas convenhamos: de que adianta o sorvete se o freezer não liga? O povo quer é ver a coisa funcionando.
E agora, José?
O governo garante que dezembro é para valer. Dizem que estão correndo contra o tempo para cumprir o novo prazo. Mas, entre nós, você acredita? Eu fico com um pé atrás — e não sou o único.
O que me preocupa é que dezembro está logo ali, e obra parada não anda sozinha. Vai ser preciso uma aceleração danada para entregar tudo funcionando. E experiência própria — morei cinco anos perto de uma obra — me diz que pressa e qualidade raramente andam de mãos dadas.
Enquanto isso, Salvador segue com sua rodoviária remendada, os passageiros seguem enfrentando desconforto, e o relógio não para de contar. Resta torcer para que, dessa vez, a promessa se cumpra. Mas se eu fosse você, não marcaria a mudança no calendário tão cedo.